Nas estradas de um mundo desigual, o
que nos guia é a Esperança! | 426 | 30.07.24 | Mateus 13,36-43
Sabemos que as parábolas têm as características
da sabedoria popular, usa imagens da experiência cotidiana, e exige o
engajamento do ouvinte na interpretação. Nisso, são diferentes das alegorias,
que buscam uma certa equivalência ou correspondência e sentido específico para
cada um dos termos. Conforme Mateus, na explicação, pedida pelos discípulos,
Jesus faz uma leitura alegórica da parábola do trigo e do joio, considerando as
demandas e conflitos da sua comunidade.
Notemos que esta que Mateus nos oferece é apenas
uma entre as diversas interpretações possíveis da parábola, e o interesse está
na oposição que o Reino de Deus enfrenta. Jesus oferece esta explicação em
casa, no espaço que as comunidades cristãs converteram em ambiente de encontro
com Jesus e de aprofundamento do seu ensino. A leitura se detém em oito
aspectos, que não são os únicos. Há um fio condutor: o mal e sua oposição à
novidade do Reino de Deus faz parte da condição humana mas tem seus dias
contados, não se estenderá para sempre.
Jesus, que se apresenta como Filho do Homem,
espalha a semente do Reino de Deus, que é boa e se concretiza nos discípulos
que o seguem. O campo não se restringe ao coração das pessoas, mas é o mundo (a
vida e as estruturas econômicas, políticas, sociais e religiosas cotidianas). O
joio representa simbolicamente as elites políticas e religiosas, que Jesus
qualifica como filhas do diabo, e são por ele semeadas no mundo (cf. 4,8;
12,33-37). Mas elas não são perpétuas, nem os frutos do mal que provocam.
Portanto, o tempo histórico que é medido pelo nosso
percurso existencial e pela construção e mudança das sociedades, é o tempo da
adversidade e do conflito. Não faz sentido imaginar que um dia as coisas serão
isentas de ambiguidades, puras e imaculadas neste mundo. Nem mesmo a Igreja
pode imaginar-se assim. Mas, no final, no mundo que há de vir e que inspira o
mundo que estamos a construir, o mal e suas causas serão eliminados. Essa é
nossa esperança.
Por isso, os discípulos do Reino
somos estimulados a manter a esperança, mesmo sendo trigo no meio do joio, e
tendo o joio dentro de nós, em nossas ações e instituições. Quando o Mundo Novo
florescer plenamente, os filhos do Reino brilharão como o sol, e a noite ficará
iluminada como quando o Filho de Deus se fez carne. O tempo atual, entretanto,
é de esperança e luta. O que nos anima é saber que tem boa semente que está
florescendo e amadurecendo.
Meditação:
§ Entre com Jesus e os discípulos/as em sua casa e
peça que ele lhe dê inteligência para compreender sua palavra
§ Leia atentamente a explicação que Jesus nos oferece
sobre a parábola do trigo bom e do joio semeado pelo inimigo
§ Seria possível atualizar essa interpretação para a
situação que vivemos hoje na Igreja e na sociedade do Brasil?
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