sexta-feira, 5 de julho de 2024

Uma vida que vem de graça merece ser celebrada e festejada

Uma vida que vem de graça merece ser celebrada e festejada | 402 | 06.07.24 | Mateus  9,14-17

Ontem meditamos sobre o texto de Mt 9,9-13, que narrava o chamado de Mateus e a festa que ele deu a Jesus na sua própria casa. Da festa, participaram muitos outros pecadores e excluídos, como ele. Diante do manifesto escândalo dos fariseus, Jesus dizia que Deus quer misericórdia, e não sacrifícios, e que são os doentes os que precisam de médico. E é assim que ele faz: derruba todos os muros que separam e degraus que hierarquizam, e estabelece a igualdade.

Na cena de hoje, quem se aproxima é um remanescente grupo de discípulos de João Batista. Ele estranha o comportamento de Jesus que, segundo seu grupo, era pouco piedoso em relação ao jejum.  E o mesmo comportamento questionável era assumido pelos discípulos. “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” Não parece ser uma acusação, mas um questionamento sincero de quem havia recebido uma clara ordem de jejum e penitência e estava à espera do messias prometido pelos profetas.

Para Jesus, o tempo de espera terminou, o Sol da justiça raiou, o Noivo amado celebrou suas núpcias e o clima não pode ser outro que o de alegria e júbilo. Os estrangeiros, doentes ou pecadores, e todos os excluídos, são acolhidos e perdoados gratuitamente. Não há mais lugar para o jejum, que era uma prática destinada a suplicar o perdão de Deus. A chegada de Jesus, o Messias esperado, perdoa os pecados e altera radicalmente a situação social e espiritual.

Para ilustrar a radicalidade do tempo que inaugura, Jesus lança mão de três alegorias bem ligadas à vida cotidiana do seu povo e de fácil compreensão para todos: é inadmissível fazer luto e jejum quando estamos celebrando a festa de casamento de uma pessoa querida; é idiotice colocar um remendo de pano novo e bom num tecido totalmente arruinado; é inapropriado guardar vinho novo em barris velhos e frágeis, que podem pôr tudo a perder.

Os discípulos de Jesus vivem em comunidades alternativas, dedicados a acolher as pessoas e grupos marginalizados e a celebrar a alegria da chegada do “tempo da graça”, da festa dos pequenos. As práticas antigas são como roupa velha e como uma pipa apodrecida. É tempo de abandonar as velhas lições de morrer pela pátria e viver sem razões. Esperar não é saber. É preciso fazer a hora, sem esperar acontecer.

 

Meditação:

·    Como poderíamos descrever hoje a novidade do estilo de vida inaugurado e proposto por Jesus?

·    Quais seriam as práticas antigas que o Evangelho considera superadas, mas que muita gente ainda continua pregando?

·    Quais seriam os principais remendos que uma vida pouco cristã tenta pregar o tecido apodrecido do capitalismo e do egoísmo?

·    O que podemos fazer para tornar a vida cristã mais alegre, leve e libertadora?

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