A prática da
vontade do Pai gera células de uma nova sociedade | 412 | 16.07.24 | Mateus 12,46-50
Jesus acabara de acusar as autoridades religiosas
de serem incapazes de discernir sua identidade de Messias, enviado do Pai para
anunciar e inaugurar seu Reino. Depois disso, Jesus deixa a sinagoga, e, nesta
cena, está em uma casa, não necessariamente a sua, com seus discípulos e
discípulas. Essa casa é como se fosse o lugar de encontro e convivência de uma
nova família, uma família alternativa, que relativiza os tradicionais laços de
raça e de sangue.
Mateus diz que alguém (não diz se é um discípulo ou
não) avisou Jesus que sua mãe e seus irmãos estão lá fora, e desejam falar com
ele. Seus familiares aproximam-se respeitosamente, e não interrompem a ação missionária
de Jesus. Estariam movidos pela saudade? Pelo desejo de que ele voltasse para
casa? Pela vontade de segui-lo na aventura do Reino de Deus? Estar dentro ou
fora dessa casa delimita claramente a pertença ao “círculo” de Jesus e do Reino
ou a auto exclusão dele.
A novidade do Reino de Deus, muito esperada por
todos desde há séculos e trazida por Jesus, implica claramente em uma mudança
nas relações sociais, econômicas, religiosas, políticas, mas também das
relações familiares. É no horizonte do Reino de Deus que Jesus questiona e
supera o modelo de família patriarcal, baseada nos laços de sangue e na
submissão ao homem e senhor, sempre funcional aos sistemas estruturados sobre a
dominação.
Jesus responde ao aviso da chegada dos familiares
com uma pergunta, uma declaração e um gesto. Ele pergunta quem são seus irmãos,
suas irmãs e sua mãe. Dirigindo-se aos discípulos e discípulas que o circundam,
ele afirma, como que indicando com a mão: “Eis minha mãe e meus irmãos! Pois
todo aquele que faz a vontade do meu Pai, este é meu irmão, minha irmã e minha
mãe!” A comunidade de discípulos é a nova família, aberta, não sujeita aos
vínculos de sangue, de raça, de gênero, de religião. Nela, só Deus é Pai, e
todos são iguais!
Nós cremos que Maria também está neste círculo, pois, ninguém mais que
ela, viveu para realizar prontamente a vontade do Pai. Nisso ela é nossa mãe,
irmã e discípula. Mas é importante também que nos sintamos incluídos por Jesus
no âmbito da sua família. Somos seus irmãos, irmãs e sua mãe, se fazemos a
vontade do Pai. Mais que poderosa intercessora por nossos pedidos nem sempre
evangélicos, Nossa Senhora do Carmo nos guia na busca e na escuta de Jesus.
Meditação:
· Procure inserir-se na cena relatada pelo
evangelista e interagir com os diversos personagens que aparecem
· Como ressoa em você o questionamento de Jesus aos
que falam em nome de sua família e sua resposta a eles?
· Você se sente efetivamente e com alegria irmão ou
irmã de Jesus e de todos/as aqueles/as que vivem seu Evangelho?
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