segunda-feira, 15 de julho de 2024

A prática da vontade do Pai gera células de uma nova sociedade

A prática da vontade do Pai gera células de uma nova sociedade | 412 | 16.07.24 | Mateus 12,46-50

Jesus acabara de acusar as autoridades religiosas de serem incapazes de discernir sua identidade de Messias, enviado do Pai para anunciar e inaugurar seu Reino. Depois disso, Jesus deixa a sinagoga, e, nesta cena, está em uma casa, não necessariamente a sua, com seus discípulos e discípulas. Essa casa é como se fosse o lugar de encontro e convivência de uma nova família, uma família alternativa, que relativiza os tradicionais laços de raça e de sangue.

Mateus diz que alguém (não diz se é um discípulo ou não) avisou Jesus que sua mãe e seus irmãos estão lá fora, e desejam falar com ele. Seus familiares aproximam-se respeitosamente, e não interrompem a ação missionária de Jesus. Estariam movidos pela saudade? Pelo desejo de que ele voltasse para casa? Pela vontade de segui-lo na aventura do Reino de Deus? Estar dentro ou fora dessa casa delimita claramente a pertença ao “círculo” de Jesus e do Reino ou a auto exclusão dele.

A novidade do Reino de Deus, muito esperada por todos desde há séculos e trazida por Jesus, implica claramente em uma mudança nas relações sociais, econômicas, religiosas, políticas, mas também das relações familiares. É no horizonte do Reino de Deus que Jesus questiona e supera o modelo de família patriarcal, baseada nos laços de sangue e na submissão ao homem e senhor, sempre funcional aos sistemas estruturados sobre a dominação.

Jesus responde ao aviso da chegada dos familiares com uma pergunta, uma declaração e um gesto. Ele pergunta quem são seus irmãos, suas irmãs e sua mãe. Dirigindo-se aos discípulos e discípulas que o circundam, ele afirma, como que indicando com a mão: “Eis minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe!” A comunidade de discípulos é a nova família, aberta, não sujeita aos vínculos de sangue, de raça, de gênero, de religião. Nela, só Deus é Pai, e todos são iguais!

Nós cremos que Maria também está neste círculo, pois, ninguém mais que ela, viveu para realizar prontamente a vontade do Pai. Nisso ela é nossa mãe, irmã e discípula. Mas é importante também que nos sintamos incluídos por Jesus no âmbito da sua família. Somos seus irmãos, irmãs e sua mãe, se fazemos a vontade do Pai. Mais que poderosa intercessora por nossos pedidos nem sempre evangélicos, Nossa Senhora do Carmo nos guia na busca e na escuta de Jesus.

 

Meditação:

·    Procure inserir-se na cena relatada pelo evangelista e interagir com os diversos personagens que aparecem

·    Como ressoa em você o questionamento de Jesus aos que falam em nome de sua família e sua resposta a eles?

·    Você se sente efetivamente e com alegria irmão ou irmã de Jesus e de todos/as aqueles/as que vivem seu Evangelho?

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