terça-feira, 2 de julho de 2024

Nossa fé lança sua âncora no testemunho dos apóstolos

Nossa fé lança sua âncora no testemunho dos apóstolos | 399 | 03.07.24 | João 20,24-29

Na festa de São Tomé, bebemos das fontes joaninas. É em João que encontramos algo mais que o nome desse operário da primeira hora. Além da cena um pouco contraditória de hoje, João nos apresenta Tomé disposto a seguir Jesus na caminhada até Jerusalém para com ele enfrentar a morte (cf. Jo 11,6), mas, diante do iminente “êxodo” de Jesus, manifesta seu profundo desconcerto: “Não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14,5)

O contexto da cena do evangelho de hoje é pascal, e Tomé aparece separado da comunidade, com dificuldades de aceitar o testemunho unânime dos seus condiscípulos, que afirmam que Jesus está vivo. Para Tomé, o testemunho da comunidade não é suficiente. Parece que ele está esperando uma manifestação individual ou uma prova extraordinária. Mas o lugar de Jesus é entre os seus, como entendera bem Maria Madalena. Por isso, ao que parece, Tomé representa os discípulos que impõem condições e exigências para crer.

Mas, não obstante a dúvida dele, ou, talvez, por causa das objeções apresentadas por ele, Jesus volta a se mostrar presente no seio da comunidade, agora com a presença de Tomé. As portas fechadas denotam uma comunidade claramente alternativa à lógica que predomina na sociedade, uma comunidade com um estilo de vida próprio. E Jesus se manifesta a todos os presentes, e não apenas a Tomé, como parece ter sido o desejo dele. Depois de se dirigir a todos, finalmente volta-se a Tomé. Como prova do seu amor fiel, Jesus toma a iniciativa no diálogo com ele, e o convida a tocar os sinais da sua entrega total, conatural e inseparável do seu amor e sua memória.

A ressurreição de Jesus não significou seu afastamento da humanidade, mas a realização máxima da vocação humana. Tocando nas chagas de Jesus, Tomé finalmente comunga e faz sua a carne e o sangue de Jesus. E, ao chamá-lo “meu Senhor”, estabelece com ele uma relação pessoal, como Maria Madalena o fizera. Dirigindo-se a Deus como “meu Deus”, Tomé reconhece em Jesus um Deus próximo, acessível, humano, e não mais um Deus altíssimo e inacessível. 

Finalmente, Jesus adverte Tomé por ele não ter acreditado no testemunho da sua comunidade, lugar da sua presença viva e continuada. E a bem-aventurança de quem acredita sem ver, que a Tomé soou como um convite a caminhar no claro-escuro da fé, Jesus a dirige também a nós, pois aceitamos o testemunho de quem nos precedeu.

 

Meditação:

·    Participe da cena descrita, da alegria e do testemunho dos discípulos, da resistência de Tomé, da delicadeza da presença de Jesus

·    Visualize o rosto e o nome de pessoas, de ontem e de hoje, a partir de cujo testemunho de vida você acredita na presença de Deus no mundo

·    Em que situações você se percebe impondo condições para crer em Jesus e segui-lo, querendo ver para crer?

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