Cuitláhuac, rei asteca |
Armas bacteriológicas
Para a América Latina, o abraço da Europa foi
mortífero. Morreram nove de cada dez nativos!
Os guerreiros mais pequeninos foram os mais ferozes. Os
vírus
e as bactérias
vinham, como os conquistadores, de outras terras, outras águas, outros ares. E os
índios não tinham defesa contra esse exército que avançava, invisível, atrás
das tropas.
Os numerosos povoadores das ilhas do Caribe
desapareceram desse mundo, sem deixar nem a memória de seus nomes, e as pestes
mataram muitos mais do que os muitos mortos pela escravidão ou pelo suicídio.
A varíola matou o rei asteca Cuitláhuac e o rei inca
Huayna Cápac, e na cidade do México foram tantas as suas vítimas que, para
cobri-las, foi preciso derrubar as casas em cima delas.
O primeiro governador de Massachusetts, John Winthrop dizia
que a varíola tinha sido mandada por Deus para limpar o terreno para os eleitos.
Os índios tinham se enganado de endereço. Os colonos
do norte ajudaram o Altíssimo dando de presente aos índios, em mais de uma
ocasião, mantas infectadas de varíola. “Para extirpar essa raça execrável”,
explicou em 1763 o comandante sir Jeffrey Amherst.
(Eduardo Galeano, Espelhos, L&PM, 2008, p. 123)
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