George Carver sonhou com Deus. “Peça o que quiser”,
disse-lhe Deus. E Carver pediu que ele lhe revelasse os segredos do amendoim. “Pergunte
ao amendoim”, respondeu-lhe Deus.
George, filho de escravos, dedicou a vida à
ressurreição de terras assassinadas pelas plantações escravistas.
Em seu laboratório, que parecia cozinha de alquimista,
elaborou centenas de produtos derivados do amendoim e da batata-doce: óleo,
queijo, manteiga, molhos, maionese, sabões, colorantes, tintas, melaço, colas,
talco...
“Quem conta são as plantas”, explicava ele. “Elas
oferecem tudo a quem souber ouvir o que elas dizem”.
Quando morreu, no dia 5 de janeiro de 1943, tinha mais
de oitenta anos e continuava divulgando receitas e conselhos, e dava aulas numa
universidade estranha, que tinha sido a primeira a admitir estudantes negros no
Alabama.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p.
19)
Nenhum comentário:
Postar um comentário