Hoje estarei deixando Belo Horizonte para dez dias de
férias junto da minha família. Mas antes de viajar, e depois e me alimentar com
a ração diária da Palavra de Deus, quero partilhar os ecos que ela deixou em
mim. E começo com a antífona de entrada da celebração, eco do profeta Jeremias:
“Ó nações, escutai a Palavra do Senhor; levai a boa nova até os confins da
terra!” Hoje o personagem em cena é o pouco conhecido Balaão, homem dado a
proferir maldições contra os inimigos do povo, mas capaz de entender até a
língua da sua mula... Ele é apresentado como o “homem que tem os olhos abertos,
que vê o que o Poderoso lhe faz ver, que cai e seus olhos se abrem”. No meio da
exigente e demorada travessia do deserto, Balaão sobe uma colina e contempla
extasiado o acampamento do seu povo em retirada. E canta: “Como são belas as
tuas moradas, ó Israel! Elas se estendem como vales, como jardins ao longo de
um rio, como aloés que o Senhor plantou, como cedros juntos das águas...” Que
santa imaginação essa que faz com que um acampamento de gente quebrada e sofrida
tenha ares e cores de jardins, de plantações promissoras!... E eu me transporto
imaginariamente aos nossos conhecidos acampamentos de sem-terra e suas tendas
pretas e vislumbro nestes barracos e nos humanos rostos marcados pelo trabalho
e pela luta um homem e uma mulher nova, uma sociedade solidária em gestação, um
Brasil diverso em construção. Com Balaão, nestes acampamentos, e noutros
semelhantes, vejo, mesmo de longe, estrelas anunciando novos dias e novos líderes
sendo forjados. Sim, para continuar sonhando, e para manter os pés no caminho, como
Balaão é preciso ter os olhos abertos, e ver mesmo caindo. Não foi assim nosso
guia e irmão, Jesus de Nazaré? Eu sei em quem acreditei!... “Vinde, Senhor,
visitai-nos com a vossa paz, para que nos alegremos de todo o coração na vossa
presença!” (Itacir Brassiani msf)
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