Um personagem muito significativo e presente no tempo
do Advento é o profeta Isaías. Seu nome, que significa literalmente Ihaweh é salvação, indica
a missão. Isaías entre 740 a 700 a.C. Isaías é um profeta que ajudou muito as
comunidades cristãs a penetrar o mistério de Jesus de Nazaré como Messias. As
origens de Jesus são interpretadas a partir dos textos Is 7,10-15; 9,1-6;
11,1-9.
O profeta Isaías viveu num período de grande
violência. Os reinos de Israel e de Judá respiravam ainda uma certa autonomia,
no contexto internacional. Mas no horizonte já estava se formando um grande
temporal: a invasão da Assíria. Formavam-se alianças para resistir. O rei Acaz,
de Judá, preferiu pagar o tributo à poderosa Assíria em vez de se aliar com os pequenos
reinos vizinhos. O medo e a traição aos reinos irmãos levaram Acaz a investir
fortemente no exército e nas fortificações das muralhas.
Isaías é o profeta das crianças. As crianças são
personagens simbólicas e centrais em muitas perícopes. Por exemplo, em 1,17.23;
10,2; 3,4-5; 9,17; 10,19; 13,18; 20,4; 14,3. Lendo estes textos, percebemos que
o profeta tem um olhar especial para a situação das crianças, dos pequenos. Para
Isaías, as crianças são uma espécie de categoria bíblica: o que acontece com
elas expressa o que está acontecendo com os pequenos que não têm quem os
defenda.
Para o profeta Isaías as crianças são sinal de contradição: Is 6,13, semente
santa; Is 7,1-9: Seariasùb
= "um resto-voltará"; Is 7,14: Emmanuel - Deus conosco";
Is 8,1-4: Mahèr-salàl-cash-baz
= "pronto-saque-prozima-pilhagem.
Estes nomes são mensagens que denunciam as conseqüências da guerra.
Is 9,1-6: "Um
menino nasceu..."; Is 11,1-9: "Um ramo sairá do tronco de
Jessé".
Com suas mães, as crianças invadem a cena. A presença delas
é uma garantia: Deus está conosco! "Eis
eu e os filhos que o Senhor me deu, somos um sinal..." Is
8,18. Nas crianças, Isaías condensa sua profecia. Elas são parábolas, são símbolos
que antecipam a utopia. A partir delas se irradia uma luz que ilumina a
realidade de hoje e de ontem.
Não podemos nos iludir ou cair no sentimentalismo, de
parar olhando as crianças com ingenuidade. A profecia de Isaías fala de libertar
os oprimidos; ameaça os poderosos com seu projeto que aposta nos pequenos. Sua
crítica é contra o militarismo, a violência, a força como única solução dos
conflitos. O símbolo das crianças está neste contexto de enfrentamento dos
poderosos através de sujeitos considerados fracos, mas voltados ao futuro.
Isaías descobriu sua vocação no Templo. Ele foi
sacerdote e profeta. Tinha liberdade de entrar e sair do palácio. Mas não
deixou de enfrentar o rei a partir de outro projeto. O rei apostava nas armas,
usava o nome de Deus e a religião em vista dos seus interesses e finalidades
militares. O rei apostava nas armas e na guerra. Mas o profeta Isaías grita:
nós apostamos nas mulheres, nas crianças, em quem não conta. Então, se define
um confronto entre força e fraqueza, dominação e liberdade. O profeta ajuda a nascer
ou acordar uma fé antiga: apostar nos pequenos, pois eles são a profecia de que
um novo mundo é possível.
Vamos a Belém, vamos com Isaías.
O que importa é colocar-se a caminho!
Se no lugar de um Deus poderoso encontrarmos a fragilidade de uma criança,
não pensemos ter errado o caminho!
Deus-Conosco é clandestino nas necessidades dos
pobres,
nos medos dos oprimidos,
na tristeza dos abandonados,
na solidão dos marginalizados.
Coloquemo-nos a caminho!
Vamos à busca, sem
incerteza nem medo, semeadores e semeadoras de esperança.
Texto
publicado pelo CEBI, adaptado por Itacir Brassiani msf
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