“Que o universo rejubile e dê gritos de alegria, pois
o Senhor há de chegar!” Este é o refrão com o qual a Liturgia das Horas nos convida a ritmar o louvor matinal. Isaías –
sempre ele, o profeta das crianças e da paz! – nos convida a imaginar e desejar
um tempo de mudanças, de coisas boas: os surdos ouvindo a Palavra e os cegos
vendo em meio às trevas; os humildes aumentando a alegria no Senhor e os pobres
se rejubilando em Deus; os prepotentes fracassando, os trapaceiros
desaparecendo e os malfeitores sucumbindo; ninguém mais tendo motivos para se
envergonhar, e os inconstantes adquirindo sabedoria. Haja mudança, haja
esperança! É difícil até de imaginar, quando mais crer e esperar! Como os dois
cegos do episódio do evangelho de hoje, só nos resta seguir Jesus aos gritos: “Tem
piedade de nós, filho de Davi!” Acolhendo-o em nossa casa, em nossa vida
cotidiana, aproximemo-nos dele, sublinhando que cremos sim que ele pode se
compadecer de nós e abrir nossos olhos para o mundo que está doido para nascer.
E deixemos que ele – sua Palavra, suas mãos, sua compaixão confirmada no
mistério da encarnação e da páscoa e em tantos mistérios bonitos que vivem e se
insinuam nas pessoas que amam – nos toquem e nossos olhos se abram. E então
poderemos ver e participar da sutil dança do cosmos, da alegria indizível do
universo, cientes de que isso não é promessa para um futuro incerto, mas
misterioso dinamismo na história de hoje. As dores – de parto e de morte –
continuam, é verdade, mas não conseguem anular os sutis fios da vida que estão
sendo tecidos no segredo da terra. Coisas de um Deus loucamente apaixonado,
capaz de coisas inauditas. Coisas de homens e mulheres igualmente sonhadores e
apaixonados, incapazes de entregar os pontos. “Justiça e paz se abraçarão, pois
o Senhor há de chegar!”(Itacir Brassiani
msf)
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