A vida
precisa ser repescada, repensada, reassumida, reconstruída... E o primeiro
passo é conscientizar-se da realidade, isto é, dos sentimentos, das
reações vividas diante dos fatos reais da vida. Esquecer e reprimir não é a
solução! A conscientização, neste caso, não deve acontecer pela via intelecto,
mas pela via associativa, através dos insights.
O segundo
passo é aceitar essa realidade, aceitar os fatos acontecidos comigo;
aceitá-los emocionalmente. Aceitar os sentimentos vividos na ocasião em que os
fatos aconteceram. De nada adianta ficar brigando com a vida, com o passado,
consigo mesmo!... “Na vida psicológica nada se supera se não for aceito...”
(Jung)
O
terceiro passo é assumir a realidade conscientizada e aceita, situando-se cada
vez mais no hoje, no aqui e agora, usando mais a vontade reflexiva e menos a vontade
emotiva. De nada adianta dizer “Isso é da infância”. É preciso dizer “Hoje,
agora, eu tenho que me assumir... Como adulto, vou me olhar diferentemente:
serei objetivo, realista, compreensivo. Não mais preciso chorar, ficar doente,
casmurro OU agressivo para conseguir comida e afeto, ou para ser visto...” Não
basta largar tudo nas mãos de Deus. Eu preciso ajudar-me, aceitar-me e
assumir-me para que eu seja liberto e curado!
Em
seguida, é preciso perdoar a si e aos demais. O auto e o hétero perdão absolvem
(desatam, desamarram) e transformam o coração de pedra. Ódios, mágoas e
rejeições vão aos poucos se extinguindo. Sempre e cada vez mais, o
relacionamento em todos os níveis se tornará mais fácil, alegre, espontâneo,
natural e equilibrado. “Sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos
(tendo perdoado a si e aos outros) os nossos irmãos”, escreve João, na sua
primeira carta.
Finalmente,
é preciso criar sentido para a própria vida. Trata-se de encontrar
sentido para a vida fora de si mesmo.
O mundo, a comunidade, o outro contam comigo. Eu existo para os outros! “Vós
sois o sal da terra! Vós sois a luz do mundo! Ninguém põe a vela debaixo da
cama...” Ninguém é luz apenas para si mesmo... Para quem é cristão e discípulo
de Jesus, o sentido maior da vida se encontra no Evangelho, nos valores do Reino
de Deus, no projeto de Deus. Para quem abraçou a Vida Consagrada, este sentido
se encontra nos objetivos da Vida Religiosa e da Congregação.
Sem um
sentido maior para a vida, tornar-me-ei neurótico, eternamente curvado sobre
mim mesmo, girarei em torno do meu próprio eu, asfixiado pelo cordão umbilical.
“Creio na liberdade dentro de mim, quando assumo minha vida, minha história, o passado e o presente; quando assumo minha vocação,
fazendo de mim mesmo um dom consciente, livre, alegre, generoso e gratuito,
para que todos tenham vida. Assim, a felicidade me habitará e eu conseguirei
relacionar-me a contento comigo, com o semelhante e igual, com Deus e com o
universo.”
A
facilidade é inimiga do homem. O que faz o homem é a persistência. O caminho da
vida é estreito, pedregoso, íngrime... Tornar-se alguém requer coragem,
determinação, persistência, muita fé, amor à toda prova! Venceremos! “O lugar
que todos devem visitar é seu próprio interior. Entra em ti mesmo. Ali
encontrarás a verdade!” (Santo Agotinho)
Pe. Rodolpho Ceolin msf
Reflexão
sem data, ordenada ao auto-conhecimento e à auto-ajuda.
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