129 | Ano A | 27ª Semana Comum | Domingo | Mateus 21,33-43
(08/10/2023)
A missão dos cristãos não consiste propriamente em
semear a mensagem do Reino de Deus onde o cristianismo ainda não lançou raízes,
mas em ir aos “arrendatários da vinha do Senhor” para recolher os frutos
esperados, àqueles que foram investidos de autoridade ou ocupam posições de
liderança política, social e religiosa para verificar se realmente se dedicam ao
povo e defendem sua dignidade. Trata-se de uma missão com uma clara dimensão profética!
Esta missão é tão urgente quanto difícil e
conflituosa. Na parábola, Jesus menciona as agressões e espancamentos sofridos
pelas pessoas enviadas. Quando os missionários não se limitam a propor
doutrinas e celebrar ritos, correm o risco de se tornar pessoas indesejáveis e
sofrer violências nas mãos dos ‘malvadamente maus’ ou dos ‘canalhas’, como diz
o evangelista. O Pe. Júlio Lancelotti e o Papa Francisco que o digam!
A missão não consiste em colher frutos para a
instituição eclesial ou multiplicar suas agências, mas em cobrar o
estabelecimento do direito de Deus no mundo: a implantação da justiça para os
pobres, o reconhecimento da dignidade dos desprezados, o cuidado e a bondade
gratuita para com todas as criaturas. Se estes frutos não forem encontrados, o
Reino de Deus deve ser subtraído às elites e autoridades constituídas e
entregue a pessoas, grupos e movimentos que produzam esses frutos.
Jesus é o missionário enviado pelo Pai, modelo de missionário/a.
Ele foi tratado como uma pedra descartada, sem valor, inadequada e problemática
pelos projetos de dominação e exclusão. Essa rejeição indesejada acabou
revelando sua opção pessoal e o princípio norteador da sua vida. Esta é a
perspectiva de todo trabalho autenticamente missionário: subverter os esquemas,
inverter as prioridades, afirmar os excluídos como indispensáveis no projeto de
um mundo que deseje ser humano.
A missão segue seu caminho de baixo para cima, da
periferia para o centro, dos últimos para os primeiros. A parábola da pedra
rejeitada pelos grandes e recolocada por Deus no centro, é a parábola da
missão.
Meditação:
§ Releia
atentamente esta parábola, e perceba, por trás dela, toda a compaixão solidária
de Jesus pelo seu povo
§ Traga
a luz dessa parábola para a realidade de hoje, com nossas lideranças religiosas
e políticas tão contraditórias
§ Podemos dizer que, como pessoas, como família e como comunidade, estamos produzindo os frutos que Deus espera?
Como desenvolver e viver melhor a dimensão crítica e profética da nossa fé em Jesus Cristo e nossa adesão ao seu Evangelho?
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