132 | Ano A | 27ª Semana Comum | Quarta-feira | Lucas 11,1-4
11/10/2023
Um princípio importante que ajuda a interpretar
corretamente o sentido de uma cena ou texto do Evangelho é situá-lo no contexto
literário no qual aparece inserido. A cena de hoje, na qual Jesus é interpelado
a ensinar seus discípulos a rezar, está situada na sua subida a Jerusalém, onde
se daria o confronto definitivo com seus opositores.
Na busca de uma fidelidade serena e perseverante à
vontade do Pai, que ama a humanidade e dá prioridade aos pequenos, Jesus sente
necessidade de espaços de intimidade com ele. A prática da oração cria e
cultiva esse espaço. E Jesus a exercita, não como um mestre que quer ensinar,
mas como um enviado que deseja cumprir generosamente a vontade do Pai num
ambiente que se torna cada vez mais hostil e perigoso.
Por isso, em resposta ao pedido dos discípulos,
Jesus compartilha seu modo de rezar, centrado na realização da vontade do Pai e
na expectativa do seu Reino. Não é uma oração que traz as marcas do medo e da
ansiedade, nem uma oração para pedir pequenas coisas e grandes caprichos, mas
uma oração que amplia o horizonte do desejo, fazendo-o coincidir com o desejo
do Pai.
A oração cristã, aquela praticada e ensinada por
Jesus, começa com o ardente desejo de que o Nome do Pai seja santificado, não
seja profanado nem usado como desculpa para a indiferença ou justificativa para
a opressão. Depois, insiste na única coisa necessária, no tesouro que as traças
não corroem, na pérola que valem todos os campos: “Venha a nós o vosso Reino”!
É na esteira da busca do Reino de Deus que recebemos tudo o mais.
Mantendo-se nesse horizonte iluminador e
orientador, a oração cristã recolhe e apresenta ao Pai três pedidos, três
necessidades humanas prioritárias e tão importantes não é possível atende-las
sem a ajuda dele: o alimento cotidiano na mesa de todos; o perdão dos pecados
como dinamismo para perdoar os
semelhantes; a força para não cair na tentação de buscar outros reinos,
de servir a outros senhores, de abandonar o sonho do Pai. Nada de pedidos
egoístas e infantis, ou de coisas que estão ao nosso alcance realizar.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, procurando acompanhar Jesus em seu momento de diálogo
íntimo com o Pai
§ Releia
e procure compreender com profundidade, a atitude essencial e os pedidos
nucleares da oração ensinada por Jesus
§ Como vai sua vida de oração, qual é o conteúdo
predominante nas suas súplicas, louvores e intercessões?
§ A realização do Reino de Deus mediante a partilha
do pão, o perdão e a superação das tentações, está no centro da sua oração?
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