133 | Ano A | Solenidade de Nossa Senhora Aparecida | João 2,1-11
12/10/2023
Este casamento narrado por João é um entre tantos
casamentos que aconteciam no tempo de Jesus, e Caná é um lugar insignificante.
Mas Jesus, seus discípulos, seus parentes e sua mãe estavam lá, o que confere
notável importância à cena e ao lugar. A mãe de Jesus percebe a carência e avisa
o filho. Seu olhar é justo e adequado, e não manifesta ironia ou crítica.
Notar
que o vinho acabou significa perceber a esterilidade da velha aliança e o
esgotamento da força salvadora do templo, revelar que a crise entre o povo e
Deus chegara ao seu ápice. Na observação de Maria ressoa a voz desolada de um
povo inteiro que percebe que a alegria da aliança está se exaurindo e as
lideranças não se dão conta. Respondendo à mãe com o substantivo “mulher”,
Jesus parece não dar importância pública aos laços de parentesco.
Maria
é uma mulher totalmente seduzida pelo mistério de Deus e pela novidade
revolucionária do seu Reino. A ele e à sua vontade havia dado seu consentimento
quando da anunciação do anjo Gabriel. Ela nos ensina que, para ser discípulo/a
de Jesus, é necessário aderir a ele, aprender com ele, e fazer o que ele pede.
É preciso passar da nossa vontade à vontade de Deus, permitir que nossa vida
seja radicalmente transformada.
Atendendo
a sugestão da mãe, Jesus lança mão de seis jarras de pedra (imagem que nos
remete à Lei e aos seis dias da criação), mas ele mesmo aparentemente não faz
nada. Os serventes fazem sem demora e sem questionamentos o que Jesus pede, e a
água acaba misteriosamente transformada em vinho. Fazendo isso, Jesus se revela
como o verdadeiro noivo, e é a humanidade inteira que se beneficia das antigas
promessas. Em Jesus, Deus faz aliança com a humanidade e comunica a ela a vida
abundante.
Maria é mediadora desse milagre que
garante a continuidade da festa da vida. Esse papel mediador de Maria é
confirmado em todas as suas manifestações reconhecidas pela Igreja. Assumindo a
pele negra dos africanos escravizados no Brasil de ontem, e dos excluídos do
Brasil de hoje, Maria proclama, eloquentemente a dignidade deles. E ainda hoje
convoca o povo brasileiro a se unir em torno da defesa das pessoas e grupos
sociais marginalizados.
Meditação:
§ O
que Maria disse silenciosamente ao Brasil que escravizava os negros quando
encontraram sua imagem de cor negra?
§ O
que Maria está dizendo hoje, quando a indiferença, intolerância e a violência
contra negros, indígenas, migrantes e outras minorias brotam por todos os
lados?
§ Daquilo
que Jesus fez e pede que façamos, o que é indispensável para resgatar a
dignidade dos marginalizados e oprimidos?
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