sexta-feira, 6 de outubro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (128)

128 | Ano A | Nossa Senhora do Rosário | Lucas 1,26-38

(07/10/2023)

A celebração de Nossa Senhora do Rosário fui instituída em 1571, pelo Papa Pio V, para lembrar a vitória romana sobre o exército turco nas águas de Lepanto (07.10.1571). Pio V foi também o responsável pela promoção do rosário, como forma de piedade e espiritualidade. Esse exercício devocional mariano, até então conhecido em apenas alguns pequenos círculos religiosos, foi estendido e recomendado à Igreja universal em 1716.

Neste texto de Lucas, o papel central é do Anjo Gabriel, e o clima é de intenso júbilo. O Mensageiro de Deus saúda Maria com uma expressão típica para dizer “Esteja bem! Tudo de bom!” O anjo Gabriel diz que o “charme” (graça) dela encantou o próprio Deus. É claro que o mensageiro de Deus não está se referindo à formosura física, nem à sua possível perfeição moral, mas à sua humanidade, original e sem pecado, como a criação saída das mãos de Deus.

Maria se mostra plenamente acolhedora, disponível e confiante em Deus e à sua vontade. E isso significa que o pecado (egoísmo, ostentação, fechamento, indiferença) não tem lugar em suas decisões, ações e projetos. Ela é a imagem da humanidade como Deus a quis, da pessoa humana madura na qual brilha a imagem de Deus, conforme foi criada. Sua virgindade não aponta para uma espécie de supremacia moral, nem para algo como a meritocracia, mas para sua radical pobreza e impotência.

É verdade que Maria é uma pessoa acolhedora, disponível e serviçal diante da Palavra de Deus, mas isso não significa que seja uma mulher passiva, sem personalidade. Antes, a cena narrada por Lucas nos mostra uma mulher atenta e reflexiva. Ela pede explicações, interroga o Anjo, quer compreender. Corajosa, Maria vai descobrindo lentamente a misteriosa ação que Deus realiza nela e através dela dando beleza, prioridade e grandeza aos humildes e marginalizados.

Dizendo que “o poder do altíssimo a cobrirá com sua sombra”, o Anjo se refere à nuvem/sombra que escondia e manifestava a glória de Deus no êxodo do povo hebreu, e apresenta Maria como tenda da presença de Deus no mundo. Maria prefigura o novo poro de Deus, como o outro, vindo da periferia.

 

Meditação:

·        Releia atentamente o texto, imaginando-se presente e ativo/a na anunciação, num lugar perdido e obscuro da Galileia

·        Tome como dirigidas a você as palavras do Mensageiro de Deus: “Alegra-te, cheia/o de graça! O Senhor está contigo! Não tenhas medo! Encontraste graça diante de Deus!”

·        Acolha estas palavras como o horizonte e o fundamento da sua vocação e missão na Igreja e no mundo

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