138 | Ano A | 28ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 11,37-41
17/10/2023
No
contexto do duro embate que trava em Jerusalém com as elites defensoras do
judaísmo, Jesus as acusa de ser uma “geração perversa”. E contrapõe a elas dois
fatos relatados pelo Antigo Testamente: o povo pagão de Nínive, que se converte
ouvindo a pregação de Jonas; a rainha pagã que busca Salomão e reconhece sua
sabedoria. E Jesus é mais que Jonas, e mais que Salomão.
Eis que,
neste contexto, um fariseu convida Jesus para um jantar em sua casa, provavelmente
não por amizade, mas por curiosidade e expectativa de poder confirmar seus
preconceitos sobre Jesus e então comprovar pessoalmente as “heresias” de Jesus.
Não esqueçamos que, ao apresentar estes fatos, Lucas deixa ressoar neles as
polêmicas e controvérsias vividas pelas comunidades.
A
liberdade e a autenticidade de Jesus espantam o fariseu, e o fariseu
impressiona Jesus com sua hipocrisia. Na própria casa do anfitrião, Jesus
percebe e denuncia que, por trás da aparência de piedade e de correção, os
fariseus escondem uma personalidade corrompida e um caráter dominado por
relações violentas. Eles defendem a pureza ritual como a coisa mais importante,
e esquecem todo o resto.
Jesus
propõe ao fariseu e seus comparsas, e especialmente aos seus discípulos/as de
ontem e de hoje, uma nova interpretação da pureza. A pureza não vem dos ritos e
de coisas externas, mas da ação, da misericórdia. Ela não depende do rito de
lavar objetos ou evitar contatos. Jesus passa longe de uma religião e um estilo
de vida centrado nas aparências. Para ele, a ênfase nas aparências sociais não
passa de hipocrisia.
Nas
sociedades rurais antigas, a esmola era uma prática de partilha solidária, de
justiça, de misericórdia. Era uma importante prática de correção ou limitação
dos efeitos nocivos da desigualdade. Para Jesus, é nessa prática generosa e
solidária que se distingue o essencial do secundário. Fazendo o contrário,
fechando-se em si mesma e apegando-se aos seus poucos ou muitos bens, as
pessoas acabam exercendo um poder que oprime, e vivendo uma religião hipócrita.
Nisso também Jesus é exemplo e modelo.
Meditação:
· Reconstrua mentalmente a cena, participe dela,
entre na casa do fariseu, veja como ele observa Jesus e como Jesus observa ele
· Acolha palavra por palavra as duras palavras que
Jesus dirige ao fariseu, e a todas as pessoas que vivem uma fé de fachada
· Que aspectos da nossa prática cristã, como fiéis e
como comunidade, Jesus pede que sejam mudados?
· Quais são os aspectos secundários do Evangelho que
nossas Igrejas estão colocando no lugar daquilo que é essencial?
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