segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (131)

131 | Ano A | 27ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 10,38-42

10/10/2023

Este interessante e muito conhecido encontro de Jesus com Marta e Maria na casa delas, relatado unicamente pelo evangelista São Lucas, está na sequência do texto de ontem, que trata do amor ao próximo, ilustrado por Jesus com a conhecida parábola do bom samaritano. Por trás de uma e de outra cena está a pergunta sobre como servir a Deus e alcançar a salvação.

Nas cenas anteriores do evangelho de Lucas, enquanto Jesus caminha em direção a Jerusalém e faz o bem por onde passa, se alternam episódios de acolhida e de rejeição. Na casa de Marta, que é senhora e chefe da casa, Jesus encontra acolhida. Como pedira que fizessem os discípulos que enviara anteriormente, Jesus confia na hospitalidade do povo a quem se dirige, e a valoriza. É isso que testemunha a cena de hoje.

A cena ocorre no ambiente doméstico, é bastante estilizada, e mostra uma mulher no seu papel tradicional (trabalhos domésticos) e uma outra assumindo um papel novo, pouco convencional naquele ambiente, atribuído por Jesus (discipulado). Marta e Maria representam também dois paradigmas de discípulo/a: um, preocupado em multiplicar atividades exigidas pelas leis e costumes; outro, aprendendo aos pés de Jesus e ensinando.

Marta aparece como protagonista da cena: toma a iniciativa, adverte Jesus, manda que ele corrija sua irmã, como se quisesse se colocar acima até do próprio Jesus! A cena e as palavras de Jesus não nos permitem concluir que Jesus reprova a hospitalidade e o serviço concreto que Marta dispensa a ele. Marta faz o que fez a sogra de Pedro (4,39) e o que fazem as mulheres que seguem Jesus (8,1-3). Marta, porém, age freneticamente, por sua própria cabeça, sem dar atenção à Palavra de Jesus.

O atordoamento de Marta nasce de uma divisão interna, de valores contraditórios, como aqueles que movem o sacerdote e o levita da parábola anterior. Jesus dirá que é preciso buscar o Reino de Deus, e deixar tudo o mais em segundo lugar. O Reino de Deus é a melhor parte, a única necessária, e ele não tem nada de cômoda passividade. Mas isso nós precisamos aprender e reaprender aos pés de Jesus, ouvindo atentamente a sua Palavra, como Pedro (5,5) e Maria, modelos de discipulado. A missão nasce da escuta, e o discipulado antecede o apostolado!

 

Meditação:

§  Releia atentamente o texto, observando a agitação de Marta e a escuta atenta e obsequiosa de Maria

§  Se possível, releia o diálogo e a parábola que antecede o episódio de hoje, narrado por Lucas nos versículos 25 a 37

§  Sua ação pastoral e evangelizadora é agitada e mecânica, nasce da escuta atenta e despojada do Evangelho?

§  Poderíamos dizer que nós, em nossa família e em nossa comunidade, escolhemos a melhor parte, a única necessária?

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