131 | Ano A | 27ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 10,38-42
10/10/2023
Este interessante e muito conhecido
encontro de Jesus com Marta e Maria na casa delas, relatado unicamente pelo
evangelista São Lucas, está na sequência do texto de ontem, que trata do amor
ao próximo, ilustrado por Jesus com a conhecida parábola do bom samaritano. Por
trás de uma e de outra cena está a pergunta sobre como servir a Deus e alcançar
a salvação.
Nas cenas anteriores do evangelho de
Lucas, enquanto Jesus caminha em direção a Jerusalém e faz o bem por onde
passa, se alternam episódios de acolhida e de rejeição. Na casa de Marta, que é
senhora e chefe da casa, Jesus encontra acolhida. Como pedira que fizessem os
discípulos que enviara anteriormente, Jesus confia na hospitalidade do povo a
quem se dirige, e a valoriza. É isso que testemunha a cena de hoje.
A cena ocorre no ambiente doméstico,
é bastante estilizada, e mostra uma mulher no seu papel tradicional (trabalhos
domésticos) e uma outra assumindo um papel novo, pouco convencional naquele
ambiente, atribuído por Jesus (discipulado). Marta e Maria representam também
dois paradigmas de discípulo/a: um, preocupado em multiplicar atividades
exigidas pelas leis e costumes; outro, aprendendo aos pés de Jesus e ensinando.
Marta aparece como protagonista da
cena: toma a iniciativa, adverte Jesus, manda que ele corrija sua irmã, como se
quisesse se colocar acima até do próprio Jesus! A cena e as palavras de Jesus
não nos permitem concluir que Jesus reprova a hospitalidade e o serviço
concreto que Marta dispensa a ele. Marta faz o que fez a sogra de Pedro (4,39)
e o que fazem as mulheres que seguem Jesus (8,1-3). Marta, porém, age
freneticamente, por sua própria cabeça, sem dar atenção à Palavra de Jesus.
O atordoamento de Marta nasce de uma
divisão interna, de valores contraditórios, como aqueles que movem o sacerdote
e o levita da parábola anterior. Jesus dirá que é preciso buscar o Reino de
Deus, e deixar tudo o mais em segundo lugar. O Reino de Deus é a melhor parte,
a única necessária, e ele não tem nada de cômoda passividade. Mas isso nós
precisamos aprender e reaprender aos pés de Jesus, ouvindo atentamente a sua
Palavra, como Pedro (5,5) e Maria, modelos de discipulado. A missão nasce da
escuta, e o discipulado antecede o apostolado!
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, observando a agitação de Marta e a escuta atenta e
obsequiosa de Maria
§ Se
possível, releia o diálogo e a parábola que antecede o episódio de hoje,
narrado por Lucas nos versículos 25 a 37
§ Sua
ação pastoral e evangelizadora é agitada e mecânica, nasce da escuta atenta e
despojada do Evangelho?
§ Poderíamos
dizer que nós, em nossa família e em nossa comunidade, escolhemos a melhor
parte, a única necessária?
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