sábado, 21 de outubro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (143)

143 | Ano A | 29ª Semana Comum | Domingo | Mateus 22,15-21

22/10/2023

Com ironia, hipocrisia e cinismo, os doutores da lei, escribas e herodianos preparam uma armadilha para surpreender Jesus e, assim, obter as provas que necessitam para a condenação. A ironia e o cinismo ficam evidentes nos elogios dirigidos a Jesus pelos seus emissários. Mesmo sem querer, seus adversários apresentam o perfil verdadeiro e inatacável de Jesus.

Jesus é um profeta que não se sente inibido na sua opção pelos pobres, nem frente à pressão dos poderosos; não abandona os caminhos de Deus, mesmo diante das alternativas que oferecem sucesso e êxito; não foge das questões espinhosas, nem apela à neutralidade política, a uma indefinida vida interior ou às coisas da alma; sabe distinguir o reconhecimento e a adesão humilde à sua proposta dos elogios falsos, interesseiros e enganadores.

O que está em discussão não é a simplória questão de pagar ou não pagar impostos. O que as elites querem saber é se, diante do poder opressivo dos impérios, Jesus e seus discípulos são colaboradores ou subversivos; se mantém sua profecia ou abaixam a cabeça e calam a boca, deixando os fracos à sua própria sorte; se o projeto de Deus entra na história ou se dirige apenas ao coração e a uma fé privatizada e intimista.

O imposto cobrado dos povos colonizados pelo império romano era um meio de subjugá-los, e a própria moeda servia como estratégia de propaganda do imperador e de afirmação do seu status divino. Diante da prova da moeda, Jesus não se submete à fácil solução de separar fé e política, poder temporal e crítica profética. Sua resposta sábia e corajosa é mais um caminho que uma evasiva: “Devolvam a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Jesus pede que se devolva ao imperador a moeda, instrumento de propaganda e de exploração, e que se reserve a Deus a vida e a dignidade do seu povo. Assim, Jesus contextualiza e relativiza o poder colonialista e a lealdade às autoridades. Sem recorrer à violência, e falando em nome de Deus, exercita a profecia e subverte a ordem estabelecida. E isso não tem nada a ver com a separação da fé da política. Precisamos desenvolver a atitude de discípulos missionários que tenham coração grande para amar e forte para lutar.

 

Meditação:

§  Retome e reconstrua o texto, percebendo a bajulação interesseira e a armadilha maliciosa que os fariseus e herodianos preparam para Jesus

§  Procure entender o sentido profundo e atual da ordem de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”

§  Evite a tentação da ideologia burguesa, que pretende separar a fé e a política, como se a fé não fosse sal e fermento

§  Perceba como a vida de Jesus demonstra exatamente o inverso

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