143 | Ano A | 29ª Semana Comum | Domingo | Mateus 22,15-21
22/10/2023
Com
ironia, hipocrisia e cinismo, os doutores da lei, escribas e herodianos
preparam uma armadilha para surpreender Jesus e, assim, obter as provas que
necessitam para a condenação. A ironia e o cinismo ficam evidentes nos elogios
dirigidos a Jesus pelos seus emissários. Mesmo sem querer, seus adversários
apresentam o perfil verdadeiro e inatacável de Jesus.
Jesus
é um profeta que não se sente inibido na sua opção pelos pobres, nem frente à
pressão dos poderosos; não abandona os caminhos de Deus, mesmo diante das
alternativas que oferecem sucesso e êxito; não foge das questões espinhosas,
nem apela à neutralidade política, a uma indefinida vida interior ou às coisas
da alma; sabe distinguir o reconhecimento e a adesão humilde à sua proposta dos
elogios falsos, interesseiros e enganadores.
O
que está em discussão não é a simplória questão de pagar ou não pagar impostos.
O que as elites querem saber é se, diante do poder opressivo dos impérios,
Jesus e seus discípulos são colaboradores ou subversivos; se mantém sua
profecia ou abaixam a cabeça e calam a boca, deixando os fracos à sua própria
sorte; se o projeto de Deus entra na história ou se dirige apenas ao coração e
a uma fé privatizada e intimista.
O
imposto cobrado dos povos colonizados pelo império romano era um meio de
subjugá-los, e a própria moeda servia como estratégia de propaganda do
imperador e de afirmação do seu status divino.
Diante da prova da moeda, Jesus não se submete à fácil solução de separar fé e
política, poder temporal e crítica profética. Sua resposta sábia e corajosa é
mais um caminho que uma evasiva: “Devolvam a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus”.
Jesus pede que se devolva ao
imperador a moeda, instrumento de propaganda e de exploração, e que se reserve
a Deus a vida e a dignidade do seu povo. Assim, Jesus contextualiza e
relativiza o poder colonialista e a lealdade às autoridades. Sem recorrer à
violência, e falando em nome de Deus, exercita a profecia e subverte a ordem
estabelecida. E isso não tem nada a ver com a separação da fé da política. Precisamos
desenvolver a atitude de discípulos missionários que tenham coração grande para
amar e forte para lutar.
Meditação:
§ Retome
e reconstrua o texto, percebendo a bajulação interesseira e a armadilha
maliciosa que os fariseus e herodianos preparam para Jesus
§ Procure
entender o sentido profundo e atual da ordem de “dar a César o que é de César e
a Deus o que é de Deus”
§ Evite
a tentação da ideologia burguesa, que pretende separar a fé e a política, como
se a fé não fosse sal e fermento
§ Perceba
como a vida de Jesus demonstra exatamente o inverso
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