134 | Ano A | 27ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 11,15-26
13/10/2023
O foco deste trecho do evangelho
segundo Lucas, que está inserido na caminhada decisiva de Jesus a Jerusalém,
não é, como pode parecer à primeira vista, uma discussão sobre o exorcismo. O
texto sequer descreve a expulsão de demônios, e o debate gira em torno da
identidade de Jesus e em nome de quem – ou com o dedo de quem – ele combate elimina
as forças do mal e inaugura um tempo de justiça e paz.
Nesta cena, os adversários de Jesus propriamente
não contestam sua ação libertadora, mas dizem que não passa de “magia negra” ou
de conluio com Satanás, e pedem-lhe um sinal espetacular que seja capaz de
convencê-los de que ele veio e age efetivamente em nome de Deus. Para Jesus, as
ações que libertam e reconstroem pessoas dominadas e oprimidas são sua
credencial, sinais do “dedo de Deus”, da irrupção do seu Reino.
Diante de interlocutores divididos em
dois grupos – o povo, que fica maravilhado com o que faz Jesus, e os judeus que
o acusam de agir como mediador do diabo – Jesus desenvolve sua autodefesa. Ele
afirma que suas ações humanizadoras o credenciam, e convoca os próprios
exorcistas judeus a julgar aqueles que questionam suas ações. Jesus não fez
aliança com Satanás, mas é mais forte que ele, e o derrotou definitivamente.
Para ilustrar ou exemplificar o que
afirma, Jesus recorre a duas pequenas parábolas: um povo (um reino ou uma
família) internamente dividido, e um chefe doméstico que é dominado e expulso
por alguém mais forte que ele. Esse homem mais forte, que vence a origem e o
senhor da dominação, é Jesus. Ele libertou sua família do domínio do mal, e
diante dele não há neutralidade: ou estamos com ele, ou contra ele. Ele não é
executivo de satanás, pois se assim fosse, Satanás estaria agindo contra si
mesmo e cavando sua ruína.
Por fim, Jesus adverte os judeus que
se dizem libertos e salvos pela lei e as pessoas que foram libertadas por ele mesmo
do demônio. Não basta ser curado, é preciso ir além, entrar no dinamismo do
Reino de Deus e perseverar nele.
Caso contrário, quem se considera uma pessoa de “consciência limpa” ou
totalmente libertada em Jesus Cristo, pode ser vítima dos próprios caprichos e
interesses e ver-se dominada por desejos contraditórios.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, observando os detalhes e nuances da discussão sobre as
credenciais messiânicas de Jesus
§ Você
é capaz de ver nas ações de Jesus, mesmo pequenas, os sinais do Reino de Deus,
ou espera apenas grandes milagres?
§ O
que você faz para evitar que sua vida, liberta e limpa por Jesus e seu
Evangelho, seja de novo ocupada pelo egoísmo?
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