quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (134)

134 | Ano A | 27ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 11,15-26

13/10/2023

O foco deste trecho do evangelho segundo Lucas, que está inserido na caminhada decisiva de Jesus a Jerusalém, não é, como pode parecer à primeira vista, uma discussão sobre o exorcismo. O texto sequer descreve a expulsão de demônios, e o debate gira em torno da identidade de Jesus e em nome de quem – ou com o dedo de quem – ele combate elimina as forças do mal e inaugura um tempo de justiça e paz.

Nesta cena, os adversários de Jesus propriamente não contestam sua ação libertadora, mas dizem que não passa de “magia negra” ou de conluio com Satanás, e pedem-lhe um sinal espetacular que seja capaz de convencê-los de que ele veio e age efetivamente em nome de Deus. Para Jesus, as ações que libertam e reconstroem pessoas dominadas e oprimidas são sua credencial, sinais do “dedo de Deus”, da irrupção do seu Reino.

Diante de interlocutores divididos em dois grupos – o povo, que fica maravilhado com o que faz Jesus, e os judeus que o acusam de agir como mediador do diabo – Jesus desenvolve sua autodefesa. Ele afirma que suas ações humanizadoras o credenciam, e convoca os próprios exorcistas judeus a julgar aqueles que questionam suas ações. Jesus não fez aliança com Satanás, mas é mais forte que ele, e o derrotou definitivamente.

Para ilustrar ou exemplificar o que afirma, Jesus recorre a duas pequenas parábolas: um povo (um reino ou uma família) internamente dividido, e um chefe doméstico que é dominado e expulso por alguém mais forte que ele. Esse homem mais forte, que vence a origem e o senhor da dominação, é Jesus. Ele libertou sua família do domínio do mal, e diante dele não há neutralidade: ou estamos com ele, ou contra ele. Ele não é executivo de satanás, pois se assim fosse, Satanás estaria agindo contra si mesmo e cavando sua ruína.

Por fim, Jesus adverte os judeus que se dizem libertos e salvos pela lei e as pessoas que foram libertadas por ele mesmo do demônio. Não basta ser curado, é preciso ir além, entrar no dinamismo do Reino de Deus e perseverar nele. Caso contrário, quem se considera uma pessoa de “consciência limpa” ou totalmente libertada em Jesus Cristo, pode ser vítima dos próprios caprichos e interesses e ver-se dominada por desejos contraditórios.

 

Meditação:

§  Releia atentamente o texto, observando os detalhes e nuances da discussão sobre as credenciais messiânicas de Jesus

§  Você é capaz de ver nas ações de Jesus, mesmo pequenas, os sinais do Reino de Deus, ou espera apenas grandes milagres?

§  O que você faz para evitar que sua vida, liberta e limpa por Jesus e seu Evangelho, seja de novo ocupada pelo egoísmo?

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