domingo, 8 de outubro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (130)

130 | Ano A | 27ª Semana Comum | Segunda-feira | Lucas 10,25-37

09/10/2023

Por trás da pergunta que o mestre da lei dirige a Jesus sobre como ganhar a vida eterna está uma ideia muito particular sobre a salvação. Não esqueçamos que a discussão que perpassa os evangelhos é sobre o caminho mais direto e seguro para salvação: seria a submissão à lei, como ensinavam os escribas e fariseus, ou haveria outro caminho?

Para Jesus, o caminho da salvação não passa pelo cumprimento escrupuloso da lei, mas pela compaixão para com todas vítimas e sofredores, mediante ações concretas de solidariedade. Na vida de Jesus, e na vida de quem o segue, não há lugar para a indiferença diante do sofrimento humano. Para ele, o amor pleno a Deus se concretiza na ação impostergável e generosa, sem agenda, em benefício das pessoas necessitadas.

Esta é a reposta de Jesus à pergunta do doutor ou especialista da lei. A pergunta esconde a verdadeira discussão, que é sobre quem é o nosso próximo. Ressoam aqui as perguntas sobre “onde está o meu irmão?” e “o que eu tenho a ver com ele?” Quem repete estas perguntas e não toma uma atitude concreta perdeu o rumo e o ritmo da vida cristã. Como resposta, Jesus não acrescenta mais uma norma ao monte de leis que existiam, mas estabelece uma perspectiva nova e exigente de toda lei que queira ter fundamento.

Para Jesus, a solidariedade concreta e desinteressada substituiu todas as leis, e vale mais que culto e a lei. E o samaritano – considerado herético, bastardo e impuro pelos judeus – está mais próximo de Deus que o sacerdote e o levita, porque se aproxima da pessoa ferida, enquanto que o sacerdote e o levita, obcecados pelas leis e pelo templo, se afastam dela.

Jesus inverte a pergunta do escriba e pergunta pelo sujeito e não pelo objeto do amor. Com a parábola Jesus não quer apresentar apenas um belo exemplo, mas abrir uma nova perspectiva. O amor concreto é solicitado, definido e na nossa resposta à pessoa necessitada, que pode ser até inimiga. O amor nos faz livres e criativos! O paradoxo é que o protótipo do amor salvífico é a pessoa mais desprezada, e o doutor da lei deve imitá-lo.

 

Meditação:

§  Releia atentamente o texto, observando a astúcia do escriba e a sabedoria espiritual e humana de Jesus

§  Visualize a cena da parábola e participe dela, lembrando que os samaritanos eram desprezados e os sacerdotes idealizados

§  Será que nós também não nos distraímos e dispensamos do amor ao próximo em discussões estéreis sobre quem são eles?

§  Em que medida nós e nossas comunidades não deixamos de lado a compaixão para priorizar as leis e o culto?

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