130 | Ano A | 27ª Semana Comum | Segunda-feira | Lucas 10,25-37
09/10/2023
Por trás da pergunta que o mestre da
lei dirige a Jesus sobre como ganhar a vida eterna está uma ideia muito
particular sobre a salvação. Não esqueçamos que a discussão que perpassa os
evangelhos é sobre o caminho mais direto e seguro para salvação: seria a
submissão à lei, como ensinavam os escribas e fariseus, ou haveria outro
caminho?
Para Jesus, o caminho da salvação não
passa pelo cumprimento escrupuloso da lei, mas pela compaixão para com todas
vítimas e sofredores, mediante ações concretas de solidariedade. Na vida de
Jesus, e na vida de quem o segue, não há lugar para a indiferença diante do
sofrimento humano. Para ele, o amor pleno a Deus se concretiza na ação
impostergável e generosa, sem agenda, em benefício das pessoas necessitadas.
Esta é a reposta de Jesus à pergunta
do doutor ou especialista da lei. A pergunta esconde a verdadeira discussão,
que é sobre quem é o nosso próximo. Ressoam aqui as perguntas sobre “onde está
o meu irmão?” e “o que eu tenho a ver com ele?” Quem repete estas perguntas e
não toma uma atitude concreta perdeu o rumo e o ritmo da vida cristã. Como
resposta, Jesus não acrescenta mais uma norma ao monte de leis que existiam,
mas estabelece uma perspectiva nova e exigente de toda lei que queira ter
fundamento.
Para Jesus, a solidariedade concreta
e desinteressada substituiu todas as leis, e vale mais que culto e a lei. E o
samaritano – considerado herético, bastardo e impuro pelos judeus – está mais
próximo de Deus que o sacerdote e o levita, porque se aproxima da pessoa
ferida, enquanto que o sacerdote e o levita, obcecados pelas leis e pelo
templo, se afastam dela.
Jesus inverte a pergunta do escriba e
pergunta pelo sujeito e não pelo objeto do amor. Com a parábola Jesus não quer
apresentar apenas um belo exemplo, mas abrir uma nova perspectiva. O amor
concreto é solicitado, definido e na nossa resposta à pessoa necessitada, que
pode ser até inimiga. O amor nos faz livres e criativos! O paradoxo é que o
protótipo do amor salvífico é a pessoa mais desprezada, e o doutor da lei deve
imitá-lo.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, observando a astúcia do escriba e a sabedoria espiritual e
humana de Jesus
§ Visualize
a cena da parábola e participe dela, lembrando que os samaritanos eram
desprezados e os sacerdotes idealizados
§ Será
que nós também não nos distraímos e dispensamos do amor ao próximo em
discussões estéreis sobre quem são eles?
§ Em
que medida nós e nossas comunidades não deixamos de lado a compaixão para
priorizar as leis e o culto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário