quarta-feira, 22 de novembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (175)

175 | Ano A | 33ª Semana Comum | Quinta-feira | Lucas 19,41-44

23/11/2023

Depois de uma longa e frutuosa viagem da Galileia até Jerusalém, durante a qual manifestou a novidade libertadora do Reino de Deus e formou seus discípulos na vivência dessa novidade, Jesus chega às portas da cidade de Jerusalém. Na entrada, no Monte das Oliveiras, é saudado e aclamado pelos seus discípulos como Messias esperado, sob o olhar vigilante e o semblante estupefato dos fariseus.

Enquanto as lideranças olham com suspeita para Jesus e seus discípulos e discípulas, Jesus contempla, comovido, a cidade que abriga o templo para onde acorrem as “tribos de Javé”, e onde deveria estar a “sede da justiça”. Ele percebe que, por causa da cegueira religiosa e da miopia política dos seus responsáveis, Jerusalém já não é mais o “caminho da paz” e o refúgio dos pobres. Por isso, seu olhar é turvado pelas lágrimas.

Mas o desabafo comovido de Jesus ressoa como lamento e advertência profética à espera de conversão que como ameaça que como ameaça. Em sua lucidez, ele é capaz de perceber a destruição que se desenha sobre a cidade amada e cantada, e a ruína que se avizinha dos seus habitantes. Tudo provocado pela cegueira religiosa e pela miopia política, e não como destino inexorável resultado da ação de um Deus que se compraz em punir.

Como haviam reconhecido com surpresa muitas pessoas que tiveram a venturosa oportunidade de encontrar Jesus no seu caminho de subida a Jerusalém, nele é Deus que visita e salva seu povo. Necessário se faz levar a sério essa visita, abrir-lhe as portas da vida e da cidade, não desperdiçar a “hora” de Deus. O tempo de conversão é agora! Hoje é o dia da salvação! Não podemos adiar nossa adesão, e não há como desperdiçar a oportunidade.

Os dois últimos versículos não são uma ameaça, como pode parecer aos desavisados. Lucas escreve seu evangelho na década 80 da era cristã, depois da destruição de Jerusalém pelo império romano. O que Lucas faz é “colocar na boca de Jesus” uma interpretação teológica e retroativa desse acontecimento: ele decorre da “cabeça dura” dos dirigentes do judaísmo, que, aferrados aos seus preconceitos, fecharam-se à novidade de Jesus.

 

Meditação:

§  Retome esta cena inserindo-se nela, com os discípulos/as e com Jesus

§  Observe as reações do seu rosto, o tom carregado de emoção do seu lamento, as palavras e expressões que usa

§  Procure o que Jesus está dizendo hoje às pessoas que dirigem as Igrejas que falam em nome dele, e os que dirigem nosso país

§  E se Jesus se dirigisse à sua família e à sua comunidade, qual seria o tom das suas palavras e o que ele diria?

Nenhum comentário: