175 | Ano A | 33ª Semana Comum | Quinta-feira | Lucas 19,41-44
23/11/2023
Depois de uma longa e frutuosa viagem da Galileia
até Jerusalém, durante a qual manifestou a novidade libertadora do Reino de
Deus e formou seus discípulos na vivência dessa novidade, Jesus chega às portas
da cidade de Jerusalém. Na entrada, no Monte das Oliveiras, é saudado e aclamado
pelos seus discípulos como Messias esperado, sob o olhar vigilante e o semblante
estupefato dos fariseus.
Enquanto as lideranças olham com suspeita para
Jesus e seus discípulos e discípulas, Jesus contempla, comovido, a cidade que
abriga o templo para onde acorrem as “tribos de Javé”, e onde deveria estar a
“sede da justiça”. Ele percebe que, por causa da cegueira religiosa e da miopia
política dos seus responsáveis, Jerusalém já não é mais o “caminho da paz” e o
refúgio dos pobres. Por isso, seu olhar é turvado pelas lágrimas.
Mas o desabafo comovido de Jesus ressoa como
lamento e advertência profética à espera de conversão que como ameaça que como
ameaça. Em sua lucidez, ele é capaz de perceber a destruição que se desenha
sobre a cidade amada e cantada, e a ruína que se avizinha dos seus habitantes.
Tudo provocado pela cegueira religiosa e pela miopia política, e não como
destino inexorável resultado da ação de um Deus que se compraz em punir.
Como haviam reconhecido com surpresa muitas pessoas
que tiveram a venturosa oportunidade de encontrar Jesus no seu caminho de
subida a Jerusalém, nele é Deus que visita e salva seu povo. Necessário se faz
levar a sério essa visita, abrir-lhe as portas da vida e da cidade, não
desperdiçar a “hora” de Deus. O tempo de conversão é agora! Hoje é o dia da
salvação! Não podemos adiar nossa adesão, e não há como desperdiçar a
oportunidade.
Os
dois últimos versículos não são uma ameaça, como pode parecer aos desavisados.
Lucas escreve seu evangelho na década 80 da era cristã, depois da destruição de
Jerusalém pelo império romano. O que Lucas faz é “colocar na boca de Jesus” uma
interpretação teológica e retroativa desse acontecimento: ele decorre da
“cabeça dura” dos dirigentes do judaísmo, que, aferrados aos seus preconceitos,
fecharam-se à novidade de Jesus.
Meditação:
§ Retome
esta cena inserindo-se nela, com os discípulos/as e com Jesus
§ Observe
as reações do seu rosto, o tom carregado de emoção do seu lamento, as palavras
e expressões que usa
§ Procure
o que Jesus está dizendo hoje às pessoas que dirigem as Igrejas que falam em
nome dele, e os que dirigem nosso país
§ E
se Jesus se dirigisse à sua família e à sua comunidade, qual seria o tom das
suas palavras e o que ele diria?
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