sábado, 25 de novembro de 2023

O Evangelho na vida cotidiana (178)

178 | Ano A | Solenidade de Cristo Rei | Mateus 25,31-46

26/11/2023

Esta parábola faz parte dos ‘discursos escatológicos’ de Jesus. Essa catequese de Jesus nos leva imaginariamente ao fim dos tempos para destacar o que realmente tem valor no percurso da história. É claro que, dizendo que o Filho do Homem virá ‘na sua glória’ e se sentará em seu ‘trono glorioso’, Mateus está comparando Jesus a um rei. A expressão ‘Senhor’ também tem o mesmo sentido, pois esse era o apelativo com o qual o povo se dirigia aos chefes, reis e imperadores.

Esta parábola também aproxima Jesus da imagem do juiz. “Todos os povos serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.” Julgar significa aqui discernir o verdadeiro valor das ações concretas das pessoas, separadas em dois grupos, a partir daquilo que fizeram, e não a partir dos títulos ou das meras intenções. Mas é interessante perceber que, mesmo no papel de juiz, Jesus age como pastor.  Por isso, a solenidade de Cristo Rei vai de mãos dadas com a imagem do Bom Pastor, de Jesus servidor da humanidade.

Não podemos esquecer que Jesus decidiu sentar-se à mesa como conviva dos pecadores, e não como juiz na mesa de um tribunal. Sua vida comprova que ele foi ao encontro dos marginalizados e assumiu a causa deles. Não os esperou sentado na cadeira dos juízes! João Batista o anuncia como ‘cordeiro de Deus’, como aquele que dá a vida em resgate por muitos. E no confronto com as autoridades do seu tempo e com as ambições de poder dos próprios discípulos, o próprio Jesus declara: “Eu estou no meio de vocês como quem está servindo” (Lc 22,27). Celebrar Cristo como Rei do Universo significa exaltar sobremaneira a figura e a missão daqueles que servem.

O mais importante, porém, está um pouco escondido nessa instigante parábola. Diante da pergunta sobre quando o servimos, ele responde: “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram...” Jesus é filho da humanidade, irmão dos homens e mulheres mais necessitados, irmão daqueles que passam fome e sede, dos migrantes e doentes, dos pobres e presidiários. Um cristão não pode passar ao largo das necessidades do próximo, pois estaria deixando de lado o próprio Cristo.

 

Meditação:

§  Retome esta parábola dramática, insira-se entre os personagens, interaja com eles

§  Escute atentamente as perguntas dos dois grupos de personagens e as palavras do juiz

§  Em qual dos dois grupos você pode se situar, honestamente? Quais suas atitudes e ações que justificam essa identificação?

§  Como evitar a identificação de Jesus com as autoridades políticas de hoje?

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