162 | Ano A | 31ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 16,1-8
10/11/2023
Este é um dos textos mais difíceis do
Evangelho. Está situado literariamente depois das três parábolas dirigidas aos
fariseus (a ovelha, a moeda e o filho perdidos, e a alegria de quem os
reencontrou). Mas, desta vez, Jesus se dirige aos discípulos, e isso é
importante para compreender o texto. Ele não está polemizando com ninguém, mas
formando os seus.
A parábola fala de um administrador
acusado de esbanjar os bens do patrão. Diante da denúncia, ele reflete, decide
e age com rapidez e esperteza. O administrador sabe que o tempo presente é
decisivo para seu futuro, por isso analisa, pondera e decide. Ele não se
defende da acusação, mas encontra um jeito esperto de garantir seu próprio
futuro.
A parábola dá apenas dois exemplos
dessa esperteza do administrador. Muitos outros seriam possíveis, mas o que
interessa a Jesus é demonstrar a esperteza, a estratégia. Ele é administrador,
“filho deste mundo”, e sabe como “se virar” para “salvar a pele”. Os/as
discípulos/as, filhos da luz, devem saber decidir à luz do Reino, no meio de um
mundo que se rege por outra lógica.
O que deve ser imitado não é a ação
desonesta e ilegal do empregado, mas sua capacidade de agir bem no breve tempo
presente em vista do futuro. Quem segue Jesus devem ter lucidez e sabedoria
para encarnar na provisoriedade deste mundo a fraternidade, os valores
definitivos do Reino de Deus.
Como filhos e filhas da luz, nas
avaliações e decisões estratégicas que devemos tomar permanentemente, não
podemos guiar-nos pelo medo ou pelo apego a pequenas vantagens para grupos
privilegiados. Nada de medo de “sujar as mãos” no mundo da política e da
economia. O que é preciso é subordiná-los à fraternidade. Tudo deve estar a
serviço dela!
Quando temos o Reino de Deus como
único tesouro, o medo se afasta, os olhos se abrem, e a criatividade tira-nos
da comodidade. E não se trata de “salvar a própria pele”, mas de ter diante dos
olhos o bem-estar da humanidade, as necessidades dos pobres, dos “devedores”,
das pessoas tratadas como não-cidadãos. Esta é a esperteza dos/as discípulos/as
de Jesus, dos filhos e filhas da luz. O resto é burrice, ambição e capitulação.
Meditação:
§ Considere também o exemplo do pai
misericordioso, que empenha todos os bens (que não pertencem totalmente a ele)
para acolher o filho e refazer a solidariedade familiar (15,11-32)
§ Leia e releia a parábola, colocando-se no
lugar dos discípulos, sem esquecer o todo do ensino e da prática de Jesus
§ Quais são os critérios que guiam nossas
decisões nos momentos mais difíceis e urgentes, nos quais nosso futuro este em
jogo?
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