180 | Ano A | 34ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 21,5-11
28/11/2023
No trecho do evangelho que lemos e meditamos
ontem, Jesus denunciava o modo descarado como o templo e os doutores da lei
exploravam os pobres, especialmente através do dízimo e das doações. No
episódio que estamos meditando hoje, na última semana do tempo comum, Jesus
continua criticando o templo, e afirma que ele não é mais o lugar de Deus.
É importante levar em conta que o
templo de Jerusalém tem pouco a ver com os templos de hoje, como a Basílica de
São Pedro (Roma), a Basílica de Nossa Senhora Aparecida (São Paulo) ou o
Santuário do Divino Pai Eterno (Trindade). No tempo de Jesus, o templo de
Jerusalém era um símbolo da identidade nacional, o banco central dos judeus e o
lugar onde se reunia o tribunal do Sinédrio. Em suma, era uma espécie de praça
dos três poderes.
Jesus havia dito que, não obstante
sua origem e sua história, o templo deixara de ser um lugar de culto e um
espaço respeitado como asilo, e se tornara uma espelunca de rapinadores. Mesmo
assim, a grandiosidade do edifício, a riqueza da sua decoração, o movimento
intenso de fiéis que ele atraía, o vultoso comércio que girava em torno dele, causava
forte impressão no povo. Dava-lhe um caráter de estabilidade, de poder e de
relevância.
Como já sabemos, Jesus não se deixa
impressionar por tudo isso. Ele tem a convicção de que Deus fora expulso de lá
fazia tempo. Por mais que, mesmo que ele parecesse sólido e indispensável,
viria a ser destruído, e não sobraria nada daquele edifício imponente. E isso
não seria ruim para o povo, mas uma libertação, o fim de uma época, uma
reviravolta desejada por Deus.
Mas não
adianta gastar tempo calculando quando isso deverá acontecer, e quais os sinais
que o anunciarão. O importante é não se apavorar, pois trata-se da destruição
das estruturas de opressão. Alarmistas e falsos messias existirão sempre. Mas
não há lugar também para uma espera passiva, sem fazer nada. Jesus e a
comunidade dos discípulos substituem o templo. Onde dois ou três se reúnem em
seu nome e para prosseguir o que ele fez, Deus está ali. Deus está no calvário,
entre os crucificados, e nas encruzilhadas, entre os pobres e lutadores. Essa é
a boa notícia.
Meditação:
§ Releia
com calma esta cena e as palavras de Jesus, dando atenção às comparações
misteriosas
§ Será
que os cristãos levamos a sério de verdade que o templo de Deus somos nós, que
ele está onde nos reunimos em seu nome?
§ Que
atitudes e caminhos precisamos tomar para evitar as pregações que assustam e
intimidam o povo?
§ Quais
são hoje os sinais que anunciam de modo discreto ou impressionante que um Novo
Tempo está despontando?
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