160 | Ano A | 31ª Semana Comum | Quarta-feira | Lucas 14,25-33
08/11/2023
A ligação desta cena com a anterior parece ser as desculpas da
elite religiosa e econômica para não aceitar o convite à festa do Reino:
“Acabei de casar e, por isso, não posso ir; comprei um campo, e preciso ir
vê-lo; comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las”. A esses sujeitos
típicos e exemplares, os interesses individuais parecem ser álibi suficiente
para não se engajar na obra de Deus e não participar daquilo que é bem comum.
Diante
de uma relativa multidão que manifesta interesse por ele, Jesus volta a
enfatizar a prioridade do Reino de Deus sobre vínculos familiares e os interesses
pessoais, pedindo que cada discípulo/a avalie os riscos e as exigências de
seguir seus passos e assumir seu sonho a fim de “não fazer feio” e “cair fora”
logo depois de ter iniciado com entusiasmo.
Para
deixar isso bem claro para todos/as os/as seus ouvintes, Jesus recorre a duas
parábolas: a primeira, focalizada na construção de uma torre; a segunda,
centrada na preparação para uma batalha. Em ambos os casos, o sujeito em
questão deve analisar bem os recursos e forças que dispõe, fazer os cálculos e concluir
se consegue ou não levar a obra ou a luta até o fim.
Jesus
já havia advertido seus discípulos sobre o risco de sofrer uma morte violenta e
ignominiosa, inclusive em nome da religião. É como se agora ele quisesse dizer
aos candidatos/as a discípulo/a: segui-lo é uma decisão muito comprometedora.
Usando um ditado popular, não se trata de entrar na omelete como a galinha
(dando os ovos) mas como o porco (dando a carne).
É
claro que, com essas parábolas, Jesus não pretende desencorajar os/as
discípulos/as. O que ele quer é advertir-nos que não é possível aderir ao Reino
de Deus pela metade, que não podemos iludir-nos com a possibilidade de servir a
dois senhores, que a perseverança pressupõe uma decisão lúcida e consciente,
que precisamos sempre contar com as renúncias e riscos.
Lucas conhece bem a inconstância e os
sinais de retrocesso das comunidades diante das dificuldades que estão enfrentando.
O núcleo dos perigos é o apego às riquezas, das quais a família patriarcal era
um dos elos importantes.
Meditação:
§ A maioria de nós iniciou a caminhada da fé
cristã sem reflexão e consciência sobre as exigências que ela comportaria
§ O que tínhamos presente era apenas um conjunto
de obrigações e proibições de ordem moral, que não tocavam nos bens
§ Hoje, com a aguda consciência que temos,
precisamos renovar essa opção avaliando bem os custos e as nossas
possibilidades
§ O que é que está nos pressionando mais e
tornando menor nossa adesão ao Evangelho, dificultando a nossa perseverança?
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