155 | Ano A | 30ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 14,1-6
03/11/2023
Fiel à herança profética, Jesus não
muda sua prática, seu anúncio e o rumo da sua caminhada, mesmo diante da ameaça
de Herodes. Segue intrépido, corajoso e generoso, sem fazer nada para se
proteger. Ele se se sente na linha dos profetas, e é o Pai, e não Herodes ou
seus asseclas, quem vai dizer quando e como deve dar sua missão por terminada.
Por enquanto, ele é quem decide, e, como sempre, não toma decisões pensando em
sua própria segurança.
Dito e feito! Em pleno sábado Jesus
desrespeita – de novo! – a lei e, numa refeição na casa de um dos chefes dos
fariseus, cura um homem doente sem que ele tenha sequer pedido. Ignorando o
olhar vigilante dos piedosos e ardilosos judeus, Jesus os provoca a tomar uma
posição. Essa é a questão que atravessa a cena de hoje, cena que inaugura a seção
das refeições simbólicas de Jesus (cf. Lc 14,1-24).
A pergunta de Jesus é direta: “A lei
permite curar em dia de sábado, ou não?” E os fariseus guardam silêncio. Para
Jesus, o reino de Deus e a defesa da vida se impõem, e não que condicionar
tempo ou lugar. A lei inspirada por Deus visa garantir o repouso e assegurar a
liberdade e a dignidade dos seus filhos e filhas de Deus. Se os piedosos judeus
descumprem a lei para salvar um animal, não há razão aceitável para se opor à
cura de uma pessoa necessitada.
Na verdade, Jesus não nega a
legitimidade das leis e dos ordenamentos religiosos ou civis, mas os coloca em
uma nova perspectiva. Segundo Jesus, o que fazemos sem problemas quando estão
em jogo nossos interesses (evitar o prejuízo com a morte de um animal) devemos
fazê-lo, mais ainda, em benefício dos seres humanos que estão em dificuldades.
Nada de fossilizar ou reduzir a vontade de Deus a princípios e esquemas
abstratos!
Não nos defendamos da interpelação de
Jesus relegando-a ao passado. É permitido ou não aprovar as uniões homoafetivas?
É lícito ou não ocupar latifúndios improdutivos? É possível compartilhar a
eucaristia com cristãos de outras Igrejas? É aceitável defender a admissão de
mulheres ao ministério? É possível “furar” o teto de gastos ou o “arcabouço
fiscal” para atender a população brasileira desempregada, doente e sem escola?
Meditação:
§ Acompanhe
Jesus à casa do chefe dos fariseus, acompanhe seu olhar voltado ao homem doente
§ Perceba
também o olhar vigilante e reprovador dos fariseus reunidos em torno da mesa e
a indignação de Jesus
§ Será
que também nós, de algum modo, não caímos na tentação de “fossilizar” a vontade
de Deus ou reduzi-la a abstratos esquemas e princípios fios e impessoais?
Nenhum comentário:
Postar um comentário