170 | Ano A | 32ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 18,1-8
18/11/2023
O episódio do evangelho de hoje se relaciona com
aquelas cenas e episódios que lemos e meditamos nos últimos dias pelo tema da
fé confiante e perseverante. A questão central não é propriamente a oração, mas
aquilo que a oração busca e expressa: a fidelidade de Deus e a confiança nele,
especialmente nos tempos de demora e tribulação.
A parábola do juiz e da viúva é, no mínimo,
inusitada. Se a figura de uma viúva injustiçada e indefesa pode facilmente
representar os/as discípulos/as em tempos de perseguição, um juiz desumano,
agnóstico e pragmático não parece uma boa representação da ação de Deus, ao
menos da imagem de Deus que Jesus Cristo nos apresenta em sua ação e em seu
ensino.
Vivendo num tempo de perseguições violentas, de
aparente ausência ou de silêncio de Deus, a comunidade dos discípulos/as de
Jesus se questiona quando isso terá fim, quando Jesus se manifestará em seu
poder e glória. O risco da desilusão e da resignação é grande, e só lhes resta
uma arma para combatê-lo: a insistência, a perseverança.
É nisso que a figura da viúva suplicante reforça a
exortação de Jesus. Ela não se resigna, não se cansa e nem se intimida frente à
absoluta indiferença do juiz. A insistência é a única arma que lhe resta, dada
a sua extrema vulnerabilidade. Esta perseverança insistente de uma pessoa
indefesa produz seus frutos, pois acaba dobrando o juiz insensível.
A lição de Jesus é evidente. Se um juiz desumano e
injusto se dobra e atende, por razões pragmáticas, a demanda da viúva indefesa,
Deus Pai poderia ser pior que ele? O Pai está sempre atento aos clamores e
dores do seu povo, e pronto a atender as necessidades dos seus filhos e filhas
que clamam;
Para Jesus, a oração não tem um caráter piedoso e
pragmático, mas engajado e programático. A oração cristã é, pelo menos em sua
base, um clamor, e ajuda a discernir, acolher e realizar a vontade do Pai. Se
faltar essa atitude de abertura e de busca confiante, se grassarem a dúvida na
força e no socorro de Deus, não há mais fé, mas apenas uma ideologia religiosa.
Meditação:
§ Solte
as asas da sua imaginação e coloque-se dentro desta história imaginaria,
interagindo com os personagens
§ Procure
sintonizar com os diferentes grupos sociais e cristãos que lutam
desesperadamente por sua dignidade e seus direitos
§ Procure
acolher, compreender e tirar as consequências da afirmação de que Deus leva a
peito as dores dos seus filhos/as
§ A
fé vivida e celebrada por sua comunidade suscita perseverança nas lutas e
confiança na justiça de Deus?
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