176 | Ano A | 33ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 19,45-48
24/11/2023
Com o coração carregado de boas recordações e
lições ensinadas na longa caminhada de subida da Galileia a Jerusalém, ao longo
da qual esparramou sinais da compaixão libertadora do Pai, Jesus contemplara,
fazia pouco, a cidade de Jerusalém, cantada em prosa e verso, idealizada como
refúgio dos pobres. Entrando nela, Jesus vai diretamente ao templo, que já
conhecia.
De fato, Jesus já estivera no templo, depois da
apresentação e num primeiro confronto, quando tinha apenas doze anos. E lá provavelmente
voltara tantas vezes, em alegre peregrinação com seus vizinhos, familiares e
amigos. Jesus sabia muito bem que aquele espaço imaginado e celebrado como
lugar de memória e utopia, como espaço de asilo seguro dos perseguidos, já não
era mais o mesmo e havia sido transformado em espaço de dominação.
No período das festas pascais, a cidade fervilhava
ainda mais, e as moedas caíam e tilintavam em abundante quantidade nas bolsas
das famílias sacerdotais, que controlavam o comércio de animais para os
sacrifícios de louvor e de purificação. Ali se reuniam e agiam com mão de fero
as lideranças religiosas e nacionais. O templo se parecia mais com um “bunker”
de rapinadores que com uma porta do céu.
Então, Jesus toma uma medida corajosa e profética
para desvincular a imagem de Deus dos negócios que exploram as pessoas mais
frágeis. Ele toma posse do templo e o resgata como lugar de encontro e
fermentação da união solidária do que restara das “tribos de Javé”. Um pouco
mais tarde, ali se travará o confronto “crucial” entre o Deus da vida e o deus
dinheiro e poder, já antecipado 20 anos atrás, quando resolvera permanecer uns
dias ali.
Naqueles breves e tensos momentos vividos no
templo, Jesus exercita sua missão de mestre e profeta, ensinando e advertindo.
Ali, como dantes, ele se opõe de forma clara e corajosa ao culto formal e
exterior e ao uso da religião para oprimir os pobres e entesourar vantagens
pessoais. Depois de “fazer a limpeza” do templo, jesus ensina a pequena
multidão que o cerca.
Jesus
reivindica um templo que seja lugar de encontro com Deus e com os irmãos. E,
como diz João no seu evangelho, o templo de Deus é o próprio corpo de Jesus, e,
por extensão, o corpo de cada ser humano.
Meditação:
§ Retome
esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando o gesto e as palavras
de Jesus
§ Observe
a reação dos comerciantes e dos sacerdotes e mestres da lei, membros da classe dirigente
do templo
§ O
que este gesto e estas palavras de Jesus significam para nossas comunidades e
templos? O que nos ensinam?
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