quinta-feira, 23 de novembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (176)

176 | Ano A | 33ª Semana Comum | Sexta-feira | Lucas 19,45-48

24/11/2023

Com o coração carregado de boas recordações e lições ensinadas na longa caminhada de subida da Galileia a Jerusalém, ao longo da qual esparramou sinais da compaixão libertadora do Pai, Jesus contemplara, fazia pouco, a cidade de Jerusalém, cantada em prosa e verso, idealizada como refúgio dos pobres. Entrando nela, Jesus vai diretamente ao templo, que já conhecia.

De fato, Jesus já estivera no templo, depois da apresentação e num primeiro confronto, quando tinha apenas doze anos. E lá provavelmente voltara tantas vezes, em alegre peregrinação com seus vizinhos, familiares e amigos. Jesus sabia muito bem que aquele espaço imaginado e celebrado como lugar de memória e utopia, como espaço de asilo seguro dos perseguidos, já não era mais o mesmo e havia sido transformado em espaço de dominação.

No período das festas pascais, a cidade fervilhava ainda mais, e as moedas caíam e tilintavam em abundante quantidade nas bolsas das famílias sacerdotais, que controlavam o comércio de animais para os sacrifícios de louvor e de purificação. Ali se reuniam e agiam com mão de fero as lideranças religiosas e nacionais. O templo se parecia mais com um “bunker” de rapinadores que com uma porta do céu.

Então, Jesus toma uma medida corajosa e profética para desvincular a imagem de Deus dos negócios que exploram as pessoas mais frágeis. Ele toma posse do templo e o resgata como lugar de encontro e fermentação da união solidária do que restara das “tribos de Javé”. Um pouco mais tarde, ali se travará o confronto “crucial” entre o Deus da vida e o deus dinheiro e poder, já antecipado 20 anos atrás, quando resolvera permanecer uns dias ali.

Naqueles breves e tensos momentos vividos no templo, Jesus exercita sua missão de mestre e profeta, ensinando e advertindo. Ali, como dantes, ele se opõe de forma clara e corajosa ao culto formal e exterior e ao uso da religião para oprimir os pobres e entesourar vantagens pessoais. Depois de “fazer a limpeza” do templo, jesus ensina a pequena multidão que o cerca.

Jesus reivindica um templo que seja lugar de encontro com Deus e com os irmãos. E, como diz João no seu evangelho, o templo de Deus é o próprio corpo de Jesus, e, por extensão, o corpo de cada ser humano.

 

Meditação:

§  Retome esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando o gesto e as palavras de Jesus

§  Observe a reação dos comerciantes e dos sacerdotes e mestres da lei, membros da classe dirigente do templo

§  O que este gesto e estas palavras de Jesus significam para nossas comunidades e templos? O que nos ensinam?

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