177 | Ano A | 33ª Semana Comum | Sábado | Lucas 20,27-40
25/11/2023
Jesus está em Jerusalém, no templo, onde acaba de
causar um rebuliço. Lá já enfrentara os chefes dos sacerdotes, acusara-os
através de uma parábola e desmascarara os espiões deles. Agora, são os saduceus
que pretendem enredar Jesus com uma questão doutrinal, bem ao gosto deles. Em
Lucas, esta é a terceira controvérsia dos saduceus com Jesus.
Os saduceus formavam um grupo teologicamente
conservador, agrupando basicamente a elite sacerdotal e as famílias
aristocráticas. Eles só reconheciam a validade das leis e tradições escritas
nos cinco primeiros livros da bíblia, e não consideravam as tradições
posteriores ou orais, que são as que testemunham o desenvolvimento da fé na
ressurreição.
Por isso, a questão que eles apresentam a Jesus,
baseada nas tradições e leis do levirato (cf. Dt 25,5), é uma estratégia para
ridicularizar a fé na ressurreição dos mortos, apregoada pelos fariseus e
corroborada por Jesus. A lei do levirato existe, e se presta a assegurar a
descendência masculina, mas o caso apresentado é totalmente imaginário e
inverossímil.
A resposta de Jesus ao questionamento segue dois
caminhos. O primeiro, é um apelo à lógica dos tempos finais, que é da lógica diferente
do tempo presente. Quando o ser humano chega à plena comunhão com Deus, não tem
mais necessidade da procriação, nem morre. É isso que significa ser igual aos
anjos: estar livre da necessidade de procriar e da lei da morte.
A segunda linha de argumento de Jesus é chamar a atenção
para as próprias escrituras aceitas pelos saduceus. Jesus cita as palavras de
Moisés, que fala de Deus como o Deus dos seus antepassados Abraão, Isaac e
Jacó. Se eles estivessem mortos, Deus seria um Deus dos mortos, ou um Deus
morto.
Mas as duas linhas de argumento de Jesus têm um só
fundamento: a natureza ou identidade de Deus. A fé na ressurreição é uma aposta
no poder de Deus, que cria e recria. A ressurreição não é uma possibilidade
inscrita no ser humano ou uma questão de biologia ou de antropologia, mas algo
baseado no poder de Deus, ou uma questão teológica.
Meditação:
§ Retome
esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando a artimanha dos
saduceus e a resposta serena de Jesus
§ Qual
é o fundamento e quais são as consequências da nossa fé na ressurreição dos
mortos, que faz parte do nosso credo?
§ Será
que não alimentamos uma visão ingênua da ressurreição, como se tudo continuasse
igual ao presente, como se os cadáveres revivessem?
§ Em
que medida a nossa fé na ressurreição é uma força que nos leva a arriscar
generosamente nossa vida para que todos tenham vida?
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