154 | Ano A | Dia de Memória dos Fiéis Falecidos | Lucas 12,35-40
02/11/2023
O texto do Evangelho escolhido para
iluminar a comemoração dos fiéis defuntos enfatiza a espera vigilante. No
contexto literário, Jesus se dirige aos discípulos e discípulas, e sua fala
está marcada pela crise da espera e do esmorecimento da confiança que os
discípulos enfrentavam com a demora do “retorno” de Jesus e com os sinais
aparentemente insignificantes do advento do Reino de Deus. Sabemos que a
esperança é essencial para quem segue Jesus. Ninguém pode “baixar a guarda” ou
perder o rumo e o gosto de viver, mesmo quando a partida das pessoas queridas
deixa um vazio imenso.
Jesus ilustra esta expectativa
confiante recorrendo a duas imagens (o cinto amarado na cintura e as lâmpadas
acesas durante a noite) e com três parábolas. Para esperar adequadamente o
retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da casa deve estar devidamente
preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o cinto apertado; sem
nenhum obstáculo que possa dificultar ações rápidas. E isso mesmo se o chefe da
casa demorar mais do que fora previsto. Assim, o pessoal da casa pode abrir a
porta, sem demora nem obstáculos. Nenhuma coisa ou causa, por mais nobre que
seja, pode nos desviar desse foco.
Se Jesus partiu, ele voltará, pois
não foi embora. Disso os/as discípulos/as não podemos duvidar, nem esperar
“jogando-se nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal da casa da parábola.
Jesus foi celebrar a aliança, e crer nele significa mover-se numa fé vigilante
a ativa no serviço aos irmãos e irmãs, com prioridade a quem mais precisa. É
ela que acende luzes na escuridão e aperta nossos cintos para que possamos
caminhar com segurança.
Também com nossos entes queridos há
um encontro desejado e previsto, mesmo que não saibamos quando, como e onde. Não
parece razoável ficar à espera de possíveis sinais e manifestações de “almas”
que perambulam por aí. A saudade que acende em nós o ardente desejo desse
encontro não pode nos induzir a viver despreocupadamente ou apenas resignados,
esperando o tempo passar. Assim, viveremos vigilantes na medida em que damos em
tudo o melhor de nós mesmos/as, e não abandonamos o que de melhor nos deixaram
as pessoas que partiram.
Meditação:
§ Acolha
deste texto as luzes e estímulos que você necessita para viver responsavelmente
e esperar realisticamente
§ Recorde
agradecido/a o nome, o rosto, a história e a melhor herança deixada pelas
pessoas queridas que partiram
§ Tendo
presente esta herança, o testemunho de tantos cristãos e a Boa Notícia de
Jesus, como você honrar a vida e não apenas sobreviver, honrar seus falecidos e
não apenas lamentar?
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