sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O Evangelho na vida de cada dia (220)

220 | Ano B | Tempo de Natal, antes da Epifania | Sábado | Marcos 1,7-11

06/01/2024

Marcos não dá nenhuma informação sobre a origem e a infância de Jesus. Pelo início do seu evangelho, sabemos que ele vinha de um lugar desconhecido e que, depois do encontro com João e do retiro no deserto, voltara para a Galileia. Jesus não pertence a uma linhagem relevante, suas raízes se perdem na insignificante Nazaré, e sua identidade se confunde com o povo suspeito da Galileia.

O evangelista dedica à descrição do batismo de Jesus apenas três versículos. Não houve tempo nem lugar especial para este rito realizado por João: aquele tempo e aquele lugar reunia os pecadores, e Jesus entrou na fila com eles. Ao redor, ninguém viu nada de especial no seu batismo, nem mesmo João Batista. Só Jesus “viu o céu se resgando”, o Espírito descendo “como pomba”.

É também somente Jesus que ouve uma voz que vem do céu aberto: “Tu és meu filho amado; em ti encontro o meu agrado”. Ao que parece que não há nenhuma reação na pequena multidão que está ao seu redor. O que teria realmente acontecido, e o que o batismo teria significado para aquele jovem galileu? Não esqueçamos que o batismo de João não somente não era necessário para a salvação, como era também suspeito e objeto de crítica.

O batismo teve para Jesus o sentido que tinha para João. Este rito, realizado longe do templo e sob o olhar de suspeita das suas lideranças, representava o cancelamento dos débitos do povo em relação a Deus: quem era batizado na água se desobrigava frente aos valores e estruturas do sistema judaico. Era um grito de liberdade e a proclamação de uma nova lealdade. Ao mesmo tempo, expressava o desejo de preparar os caminhos para o encontro com Deus, e a expectativa de que algo novo e bom estava para acontecer.

É nesse horizonte que Jesus percebe que o céu está aberto, que Deus não dá as costas ao seu povo sofrido e fiel. A força recriadora de Deus fiel aparece em forma de pomba, e ele entende que é o filho querido que muito agrada a Deus. Jesus se descobre filho ungido para se opor aos poderosos da terra e servo fiel para carregar os pecados do mundo e as dores dos oprimidos .

 

Meditação:

§   Releia o texto com a imaginação, colocando-se no meio do povo e com Jesus, diante de João, nas margens do rio Jordão

§   Procure perceber a experiência interior de Jesus, o que ele vai percebendo e descobrindo em meio aos pecadores

§   Percebemos com clareza que, com o nosso batismo, deixamos de servir aos poderes do mundo para servir a Deus e à sua vontade?

§   Como entender que, apagando nossos pecados, o batismo nos leva ao encontro dos pecadores, dos pobres e dos marginalizados?

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