220 | Ano B | Tempo de Natal, antes da Epifania | Sábado | Marcos 1,7-11
06/01/2024
Marcos não dá nenhuma informação sobre a origem e a
infância de Jesus. Pelo início do seu evangelho, sabemos que ele vinha de um
lugar desconhecido e que, depois do encontro com João e do retiro no deserto, voltara
para a Galileia. Jesus não pertence a uma linhagem relevante, suas raízes se
perdem na insignificante Nazaré, e sua identidade se confunde com o povo
suspeito da Galileia.
O evangelista dedica à descrição do batismo de
Jesus apenas três versículos. Não houve tempo nem lugar especial para este rito
realizado por João: aquele tempo e aquele lugar reunia os pecadores, e Jesus
entrou na fila com eles. Ao redor, ninguém viu nada de especial no seu batismo,
nem mesmo João Batista. Só Jesus “viu o céu se resgando”, o Espírito descendo
“como pomba”.
É também somente Jesus que ouve uma voz que vem do
céu aberto: “Tu és meu filho amado; em ti encontro o meu agrado”. Ao que parece
que não há nenhuma reação na pequena multidão que está ao seu redor. O que
teria realmente acontecido, e o que o batismo teria significado para aquele
jovem galileu? Não esqueçamos que o batismo de João não somente não era
necessário para a salvação, como era também suspeito e objeto de crítica.
O batismo teve para Jesus o sentido que tinha para
João. Este rito, realizado longe do templo e sob o olhar de suspeita das suas
lideranças, representava o cancelamento dos débitos do povo em relação a Deus:
quem era batizado na água se desobrigava frente aos valores e estruturas do
sistema judaico. Era um grito de liberdade e a proclamação de uma nova
lealdade. Ao mesmo tempo, expressava o desejo de preparar os caminhos para o
encontro com Deus, e a expectativa de que algo novo e bom estava para
acontecer.
É nesse
horizonte que Jesus percebe que o céu está aberto, que Deus não dá as costas ao
seu povo sofrido e fiel. A força recriadora de Deus fiel aparece em forma de
pomba, e ele entende que é o filho querido que muito agrada a Deus. Jesus se
descobre filho ungido para se opor aos poderosos da terra e servo
fiel para carregar os pecados do mundo e as dores dos oprimidos .
Meditação:
§ Releia o texto com a imaginação, colocando-se
no meio do povo e com Jesus, diante de João, nas margens do rio Jordão
§ Procure perceber a experiência interior de
Jesus, o que ele vai percebendo e descobrindo em meio aos pecadores
§ Percebemos com clareza que, com o nosso
batismo, deixamos de servir aos poderes do mundo para servir a Deus e à sua
vontade?
§ Como entender que, apagando nossos pecados, o
batismo nos leva ao encontro dos pecadores, dos pobres e dos marginalizados?
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