222 | Ano B | Tempo de Natal | Batismo do Senhor | Marcos 1,7-11
08/01/2024
O
evangelista registra que “naqueles dias Jesus chegou de Nazaré da Galileia”. E
não dá nenhuma outra informação sobre a origem ou a infância de Jesus. Sabemos
apenas que ele vinha de um lugar desconhecido e que, depois do encontro com
João e do discernimento no deserto, voltara para o lugar donde viera. Jesus não
tem genealogia, e não pertence a uma linhagem relevante.
O
tempo do batismo não é propriamente especial frente ao batismo do povo humilde,
que buscava João e confessava seus pecados. Foi exatamente “nesses dias” que
Jesus “foi batizado por João no rio Jordão”. Aquele tempo e aquele lugar reunia
os pecadores, e Jesus entrou na fila com eles. Ao redor, ninguém viu nada de
especial no seu batismo, nem mesmo João Batista. Só Jesus “viu o céu se
resgando”, o Espírito descendo “como pomba”.
Somente
Jesus ouve uma voz que vem do céu aberto: “Tu és meu filho amado; em ti
encontro o meu agrado”. Marcos não registra aclamação ou comentário do povo. O
que teria realmente acontecido, e o que o batismo teria significado para aquele
jovem galileu? Não esqueçamos que, segundo o judaísmo ortodoxo, o batismo de
João não somente não era necessário para a salvação, como também era também
suspeito e objeto de crítica.
Este
rito realizado longe do templo representava o cancelamento dos débitos do povo
com o judaísmo: quem era batizado na água se desobrigava frente aos valores e
estruturas do sistema judaico. Era um grito de liberdade e a proclamação de uma
nova lealdade! Ao mesmo tempo, expressava o desejo de endireitar as estradas e
preparar os caminhos para o encontro com Deus, a expectativa de que algo novo e
transformador estava para acontecer.
É nesse horizonte ]que Jesus percebe que o céu está
aberto, que Deus não dá as costas ao seu povo sofrido e fiel. Ele visualiza e
experimenta a força recriadora de Deus em forma de pomba, e entende que ele, um
jovem da pequena Nazaré e da suspeita Galileia, é o filho querido que muito
agrada a Deus. Jesus se descobre filho ungido para se opor aos
poderosos da terra e servo fiel para carregar os pecados do
mundo e as dores dos oprimidos.
Meditação:
§ Procure perceber a experiência interior de
Jesus, o que ele vai percebendo e descobrindo em meio aos pecadores
§ Percebemos com clareza que, com o nosso
batismo, deixamos de servir aos poderes do mundo para servir a Deus e à sua
vontade?
§ Como entender que, apagando nossos pecados, o
batismo nos leva ao encontro dos pecadores, dos pobres e dos marginalizados?
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