domingo, 14 de janeiro de 2024

O Evangelho na vida de cada dia (229)

229 | Ano B | Tempo Comum | 2ª Semana | Segunda-feira | Marcos 2,18-22

15/01/2024

A passagem que meditamos no último sábado apresentava o questionamento dos fariseus diante do fato de Jesus e seus discípulos se sentarem à mesa lado a lado com pecadores de diversos tipos. O texto de hoje continua com o tema da refeição, mas o questionamento de alguns críticos é sobre o jejum.

Eles observam os discípulos de Jesus e perguntam por que eles não jejuam, enquanto os fariseus e os discípulos de João praticam esta regra de piedade. Na verdade, a lei de Moisés obrigava o fiel a jejuar apenas uma vez por ano (na festa da expiação), mas o grupo dos fariseus praticava o jejum, voluntariamente duas vezes por semana.

Nesta discussão, o que está em questão é o caminho prático que nos leva à santidade, ou à pureza: a penitência, expressa no jejum ou o Reino de Deus, que se mostra na alegria da fraternidade? Como no episódio de sábado (cf. Mc 2,13-17), o questionamento se dirige ao comportamento dos discípulos, mas a intenção é atingir o mestre.

Para Jesus, o problema não é o jejum em si mesmo, mas o lugar que lhe dão os fariseus na prática da fé. Ademais, Jesus discute o lugar que o jejum ocupa no tempo especial que eles vivem com a chegada do Reino de Deus. Ninguém jejua numa festa de casamento, mas come e bebe, participando da alegria dos noivos. E este é o momento que vivem os discípulos: Jesus é o noivo que, em nome de Deus, assina a aliança de compromisso com a humanidade.

Para Jesus, o jejum exagerado que os fariseus praticavam e ensinavam não passava de um belo remendo de pano novo numa roupa velha. E o seguimento de Jesus na perspectiva solidária do Reino de Deus não cabia no velho barril daquela piedade social sofisticada e mortificadora. Repetir essas práticas seria como que colocar em risco a liberdade do Reino de Deus.

Jesus não veio pedir para que multipliquemos promessas e ave-marias, nem para implorar ofertas e jaculatórias, menos ainda para pedir para queimar velas e mais velas, mas para solicitar a nossa participação na solidária e inclusive caravana da vida nova.

 

Meditação:

ü  De onde vem a insistência de nossas Igrejas com as penitências e jejuns e a dificuldade de viver a alegria do Reino de Deus?

ü  O que precisamos fazer, nós e nossas comunidades eclesiais, para não remendar velhas práticas e ideologias com o Evangelho?

ü  Como poderíamos expressar e celebrar a alegria pela aliança de Deus com a humanidade, que produz vida abundante para todos?

ü  Como poderíamos evitar que a novidade da vida de Jesus e seu Evangelho seja sequestrada por morais arcaicas e rígidas?

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