229 | Ano B | Tempo Comum | 2ª Semana | Segunda-feira
| Marcos 2,18-22
15/01/2024
A passagem que
meditamos no último sábado apresentava o questionamento dos fariseus diante do
fato de Jesus e seus discípulos se sentarem à mesa lado a lado com pecadores de
diversos tipos. O texto de hoje continua com o tema da refeição, mas o
questionamento de alguns críticos é sobre o jejum.
Eles observam os
discípulos de Jesus e perguntam por que eles não jejuam, enquanto os fariseus e
os discípulos de João praticam esta regra de piedade. Na verdade, a lei de
Moisés obrigava o fiel a jejuar apenas uma vez por ano (na festa da expiação),
mas o grupo dos fariseus praticava o jejum, voluntariamente duas vezes por
semana.
Nesta discussão,
o que está em questão é o caminho prático que nos leva à santidade, ou à
pureza: a penitência, expressa no jejum ou o Reino de Deus, que se mostra na
alegria da fraternidade? Como no episódio de sábado (cf. Mc 2,13-17), o
questionamento se dirige ao comportamento dos discípulos, mas a intenção é
atingir o mestre.
Para Jesus, o
problema não é o jejum em si mesmo, mas o lugar que lhe dão os fariseus na
prática da fé. Ademais, Jesus discute o lugar que o jejum ocupa no tempo
especial que eles vivem com a chegada do Reino de Deus. Ninguém jejua numa
festa de casamento, mas come e bebe, participando da alegria dos noivos. E este
é o momento que vivem os discípulos: Jesus é o noivo que, em nome de Deus,
assina a aliança de compromisso com a humanidade.
Para Jesus, o
jejum exagerado que os fariseus praticavam e ensinavam não passava de um belo
remendo de pano novo numa roupa velha. E o seguimento de Jesus na perspectiva
solidária do Reino de Deus não cabia no velho barril daquela piedade social
sofisticada e mortificadora. Repetir essas práticas seria como que colocar em
risco a liberdade do Reino de Deus.
Jesus não veio
pedir para que multipliquemos promessas e ave-marias, nem para implorar ofertas
e jaculatórias, menos ainda para pedir para queimar velas e mais velas, mas
para solicitar a nossa participação na solidária e inclusive caravana da vida
nova.
Meditação:
ü De onde vem a insistência de nossas Igrejas
com as penitências e jejuns e a dificuldade de viver a alegria do Reino de
Deus?
ü O que precisamos fazer, nós e nossas
comunidades eclesiais, para não remendar velhas práticas e ideologias com o
Evangelho?
ü Como poderíamos expressar e celebrar a alegria
pela aliança de Deus com a humanidade, que produz vida abundante para todos?
ü Como
poderíamos evitar que a novidade da vida de Jesus e seu Evangelho seja
sequestrada por morais arcaicas e rígidas?
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