244 | Ano B | Tempo Comum | 4ª Semana, Terça-feira |
Marcos 5,21-43
30/01/2024
O texto do evangelho de hoje está estruturado em forma de sanduíche: no
início e no fim está a cena da menina doente; no meio, temos a cena da mulher
que sofria a 12 anos. A menina, mesmo muito enferma, tem alguém por ela: seu
pai é chefe de uma sinagoga. A mulher enferma já sofrera na mão de muitas, e
não pode contar com ninguém que interceda por ela.
Jairo, o chefe da sinagoga e pai da adolescente que “está nas últimas”
vê Jesus, atira-se aos seus pés e pede insistentemente que ele faça um gesto
que seja curada e viva. Jesus atende o seu pedido e caminha com ele, ladeado
por uma notável multidão. Tudo parecia andar bem de acordo com as expectativas
e necessidades, mas, no meio do caminho... não havia uma pedra, como poetizou
Drumond, mas uma mulher sofrida, sem nome e sem ninguém.
Ela sofria de hemorragia a 12 anos, havia sido depauperada pelos
médicos, e, “em vez de melhorar, piorava cada vez mais”. 12 anos de dor, de
isolamento social por causa da “impureza” provocada pelo fluxo de sangue, de
uma pobreza que se agravava a cada dia. Também ela ouviu falar de Jesus, mas
não ousou pedir nada. Apenas aproximou-se discretamente por trás e tocou na
roupa dele. Movida pela fé, ela acreditava que o seu toque não transmitiria sua
impureza a Jesus, mas atrairia dele a graça da cura.
Aproximando-se de Jesus e tocando na roupa dele, a mulher viu-se curada.
Mesmo apertado pela multidão por todos os lados, Jesus percebe que algo
acontecera. Uma pessoa tão sofrida não poderia passar por Jesus sem que ele
fosse tocado! Mesmo embaraçada pelo seu gesto inusitado, a mulher se apresenta,
e ouve de Jesus uma palavra poderosa e empoderadora: “És minha filha, e o que
te curou é a tua fé. Vai em paz!”
Enquanto Jesus se entretém com esta mulher, a filha de Jairo morre, e
seus criados querem dispensar Jesus do pedido que ele lhe fizera. Então Jesus
pede ao chefe da sinagoga que aprenda a crer como a mulher sem nome. Chegando à
casa, Jesus interrompe os lamentos, põem ordem na confusão, fica sozinho com os
pais na peça onde está a menina, estende a mão a ela e a coloca de pé. E ela
caminha, livre e curada, diante de uma multidão admirada.
Meditação:
ü Perceba
a situação de desassistência social da mulher anônima, mas também sua confiança
e sua fé, e a estratégia que nasce delas
ü Perceba
como Jesus não reconhece preferência a quem tem um intercessor importante, e
como toma a fé de uma pagã como exemplo
ü Qual
é a atenção que dispensamos às pessoas que, movidas pela necessidade e pelo
desespero, irrompem em nossa vida e nossas igrejas?
ü O
que podemos fazer para que a Igreja reconheça o espaço que cabe às mulheres na
sua missão e organização?
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