238 | Ano B | Tempo Comum | 3ª Semana | Quarta-feira
| Marcos 4,1-20
24/01/2024
Marcos
nos apresenta duas catequeses mais extensas de Jesus, dirigidas ao povo em
geral e aos seus discípulos em particular: o capítulo 4 (em linguagem
parabólica); e o capítulo 13 (em linguagem apocalíptica). A linguagem é
diferente, mas o tema é o mesmo: as tensões e dificuldades da missão de Jesus e
da missão daqueles que o seguem. E o apelo de Jesus também é o mesmo: escutar,
entender e vigiar.
A
crescente polarização entre o “pessoal do templo” e o “pessoal de Jesus” leva
Jesus a se retirar de cena para refletir sobre sua missão e intensificar a
formação dos seus discípulos/as. Recorrendo às parábolas, que têm como fundo a
experiência da vida no campo, Jesus quer suscitar nos seus ouvintes a esperança
diante das desigualdades. É uma espécie de sermão sobre a paciência e a
perseverança missionária.
Contra
aquilo que poderíamos chamar de realismo cínico daqueles que dizem que nada
mudará na face da terra, que não adianta sonhar e tentar (a falsa sabedoria do
senso comum), Jesus apresenta duas parábolas de sementes: a primeira convoca à
paciência perseverante e revolucionária; e a segunda incita à esperança apesar
das desigualdades que infestam e ferem a vida dos pobres. Jesus insiste que é
preciso escutar e entender estas lições.
A
parábola do semeador e a explicação que se segue estão no contexto do intenso
conflito ideológico entre o ensino e a prática de Jesus e o ensino e a prática
dos doutores da lei. Elas refletem os obstáculos enfrentados pela missão de
Jesus e seus discípulos/as. Não são narrativas terrenas com sentidos celestes,
mas demonstrações sobre o dinamismo do Reino de Deus nas coisas mundanas,
históricas.
Os três
tipos de terra inaptos à semente do Reino são três tipos de discipulado
deficiente: aqueles que se afastam imediatamente depois de escutar o anúncio do
Reino de Deus, ancorados num falso bom senso; aqueles que se entusiasmam e se
alegram, mas não compreendem nem acolhem com profundidade; aqueles que aderem à
dinâmica do Reino mas desistem porque são sufocados pelas riquezas e outras
ambições. Mas há esperança, porque há também aqueles (25%!) que ouvem,
entendem, perseveram e dão frutos.
Meditação:
ü Releia o texto com a imaginação, prestando atenção
na parábola, na reação dos discípulos, no questionamento e explicação de Jesus
ü Em que medida nossa forma de seguir Jesus
também apresenta as deficiências dos três primeiros tipos de terreno?
ü Você também não é tentado a pensar que nada
vale a pena, que nada muda, que tudo está perdido, que só resta salvar a alma?
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