243 | Ano B | Tempo Comum | 4ª Semana, Segunda | Marcos
5,1-20
29/01/2024
Acalmada a tempestade de medos que agitava os
discípulos na travessia, chegaram com Jesus ao território pagão. Esta região
ficava próxima a Tiberíades, cidade construída por Herodes em homenagem ao
imperador Tibério. Ela foi erguida sobre os restos de um cemitério e, por isso,
Herodes teve que forçar os judeus para que fossem habitar nela. A menção aos
porcos reforça o caráter impuro dessa cidade considerada pagã pelos judeus.
Este é o mais dramático relato de exorcismo de
Marcos, tanto pelos detalhes narrativos como pela situação da pessoa dominada e
pelos efeitos dessa dominação. De fato, aquele homem vivia errante nos
cemitérios e feria constantemente o próprio corpo. É um retrato da
desumanização à qual havia chegado, sob a dominação dos demônios. Mas é
importante compreender o que são e o que representam estes demônios.
Chama a atenção o fato de Jesus pôr um fim nas
tentativas dos demônios para nomeá-lo. O título de Filho do Deus Altíssimo tem
ressonâncias pagãs, e representa uma ameaça para as pessoas já terrivelmente
feridas e segregadas. E, mais que isso, Jesus consegue impor-lhes a obrigação
de dizer quem são. “Meu nome é legião, porque somos muitos”, é a resposta a
Jesus.
O episódio transcorre numa região marcada pela
dominação romana, com forte presença do comércio e do exército. Ora, o nome
dado a um dos destacamentos do exército romano era exatamente “legião”, e seu
símbolo era o porco! O evangelista não podia ser mais claro: é a presença
opressora e intimidadora da dominação romana, através do exército, o demônio
que agride e despersonaliza o povo! Não se trata de espíritos misteriosos, mas
de sujeitos e instituições bem concretas e identificáveis.
Libertado e reconstruído, o homem antes possuído e
transtornado se transforma em apóstolo. Tanto os cuidadores dos porcos como os
comerciantes da cidade percebem o “estrago” que Jesus fez nos seus negócios, e
pedem que Jesus se retire da região. Sempre há quem prefira os negócios
funcionando à custa de pessoas morrendo!
Meditação:
ü Releia o texto tentando perceber a degradação
do homem possuído, a diálogo dele com Jesus, a mudança que a ação de Jesus
provoca nele
ü Hoje volta a tentação de atribuir ao demônio a
causa do sofrimento das pessoas, enquanto que Jesus nos ensina que não é assim
ü Quanto maior é a precariedade da situação e as
tensões vividas por um povo, tanto maior é a incidência de doenças e
transtornos
ü Senhor, faze calar o tumulto interior que
provocam em mim o medo, a competição e o egoísmo, e liberta-me para amar e
servir, sem medida!
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