241 | Ano B | Tempo Comum | 3ª Semana, Sábado | Marcos
4,35-41
27/01/2024
Recorrendo a diversas parábolas, Jesus havia
acabado de desenvolver uma longa catequese sobre o misterioso dinamismo do
Reino de Deus. Diante da rejeição da sua pregação por parte das autoridades religiosas,
e frente à incompreensão dos próprios familiares, Jesus sente necessidade de intervir
para manter a esperança e ativar a paciência.
Parece que o esforço de Jesus estava dando poucos
frutos. Dominados por medos e amarrados por muitas preocupações mesquinhas, os
discípulos do tempo de Marcos enfrentam as dificuldades de modo muito diferente
ao de Jesus. Atravessando o mar revolto da vida no mesmo barco, Jesus permanece
confiante e tranquilo, enquanto que eles se apavoram. Eles têm dificuldade de
aceitar o dinamismo, as exigências e consequências do Reino de Deus. Não
conseguem confiar a Deus e seu reino a própria vida.
Parece também que a Palavra de Jesus, a Boa Notícia
do Reino encontrou nos próprios discípulos uma terra dura, rasa ou infestada de
ervas daninhas. Eles têm a impressão de que correm o risco de morrer, e não
percebem que o que está morrendo neles é a Boa Notícia do Reino de Deus. Pensam
que Jesus não se importa com eles, e não percebem o tanto que os ama e preza.
Eles ainda precisam percorrer um longo caminho para
que uma fé que os sustente. O medo das perdas ainda se sobrepõe à confiança.
Depois de ser acordado por eles, Jesus fala forte, ordenando que silenciem
estas agitações e se cale a voz dissidente do medo que ameaça seus discípulos.
Eles precisam conhecer melhor quem é este profeta da Galileia, que ensina com
autoridade e enfrenta as forças e instituições que se opõem ao querer de Deus.
Os
discípulos da primeira hora precisam superar a insistente e crônica divergência
com Jesus; precisam descobrir, compreender e acolher o cerne da sua pregação e
missão: o Reino de Deus chegou e é graça que liberta; ele pede mudança das
pessoas e estruturas; dá prioridade aos pobres e aos meios mais frágeis; e
passa pela cruz, pelo dom de si mesmo. Em que medida também nós ainda
precisamos assimilar essa realidade?
Meditação:
· Releia o texto com atenção, relacionando-o com
as repetidas crises nas quais o seguimento de Jesus coloca seus discípulos
· Você consegue perceber a agitação e o medo de
muitos católicos na passagem de uma fé intimista a um engajamento no mundo?
· Não ocorre também a nós pensar que Jesus está
longe ou indiferente dos ventos e ondas que ameaçam a humanidade?
· Será que também nós não necessitamos conhecer
melhor quem é esse Jesus em quem dizemos ter posto nossa confiança?
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