230 | Ano B | Tempo Comum | 2ª Semana | Terça-feira
| Marcos 2,23-28
16/01/2024
No trecho do
Evangelho que meditamos ontem vimos que Jesus não veio pedir a multiplicação de
promessas e ave-marias, ofertas e velas, mas participação na solidária e
inclusiva caravana da vida nova, que ele chama Reino de Deus. A cena de hoje é
a terceira que discute a nova prática dos discípulos: a primeira foi a comunhão
de mesa com os marginalizados; a segunda foi o não cumprimento do jejum; a
terceira é o direito de comer quando têm fome.
Oque está em foco
hoje é a observância das leis que impedem o trabalho humano aos sábados e que
estabelecem a “inviolabilidade da propriedade privada”. O fato é que,
atravessando o campo, os discípulos de Jesus colhem espigas de trigo, e fazem
isso porque estão com fome ou para abrir passagem. Os fariseus os acusam diante
de Jesus: eles não estão cumprindo as leis!
Jesus responde
secamente aos fariseus, dando a entender que eles desconhecem as Escrituras, ou
que gostam de citar apenas os textos que lhes interessam. Conforme o livro de
Samuel (1Sm 21,1-6), Davi recebeu do sacerdote os pães sagrados, reservado para
o consumo exclusivo dos sacerdotes, e alimenta com eles seus soldados,
engajados numa campanha importante e que estavam com fome. Ou seja: numa
situação de emergência, o alimento pertence a todos!
O que os
discípulos de Jesus fazem, e o que Jesus ensina, é uma espécie de
“desobediência civil” às normas da política alimentar da Palestina, e isso com
base na Escritura, que expressa a vontade de Deus. Com Jesus a antiga aliança é
refeita, a criação chega à plenitude do sétimo dia. O Reino de Deus é festa,
celebração e confraternização com Deus.
Jesus se declara
o Humano por excelência, Senhor do sábado e Senhor da casa comum. Nenhuma lei,
costume ou instituição pode ser colocada acima ou contra ele. O Reino de Deus,
que Jesus anuncia e instaura, é a plenitude, o limite e o fim das leis,
costumes e instituições. Nele, o que conta é a Vida, o Dom e a Gratuidade, e
não os deveres e os haveres. A angústia de um estômago vazio está acima e vem
antes das leis e mercados.
ü Você consegue perceber que está em discussão
não apenas a lei do sábado, mas também o direito à alimentação?
ü Você acha mesmo que a necessidade de uma
pessoa está acima do seu direito ao descanso, à propriedade dos bens e outros
tantos?
ü Por que será que os cristãos ainda têm
dificuldade de questionar a compra em moeda como único caminho para conseguir
alimentos?
ü Por onde começar para ajudar a Igreja a não
colocar as leis, costumes e instituições acima das necessidades das pessoas?
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