221 | Ano B | Tempo de Natal | Epifania do Senhor | Mateus 2,1-12
07/01/2024
Muito cedo, as
comunidades cristãs estabeleceram uma convicção: em Jesus, na sua vida e nas
suas palavras, Deus revela sua mais límpida vontade, e ela consiste na
afirmação de que todos os povos e nações que não pertencem ao judaísmo são
admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, e são associados à mesma
promessa revelada ao povo judeu.
Ainda hoje somos
tentados a dividir a humanidade em judeus e pagãos, cidadãos e não cidadãos,
santos e pecadores, cristãos e hereges, nós e eles... E aqueles/as que
proclamam e sustentam essa divisão se incluem sempre no primeiro grupo, entre
as pessoas que agradariam a Deus! Não conseguem entender que Jesus tenha vindo
para contestar e desmascarar essa ideologia.
A manifestação de
Deus na estrebaria e na cruz, nas estradas e no templo, se confronta também com
outra piedosa tentação: a ideologia do poder, que imagina que Deus é uma
entidade todo-poderosa e age mediante as pessoas que se destacam pelo poder,
pelo saber ou pela riqueza. Ao perguntarem onde está o rei dos Judeus que
acabara de nascer, os anônimos magos do Evangelho nos remetem a um Menino, sem
poder e sem sinais de realeza.
Com a solenidade
da epifania, a manifestação do filho de Deus a todas as nações, povos e
culturas, a Igreja quer suscitar nos cristãos a alegria e o discernimento, mas
aquela depende deste. As pretensões de superioridade não podem levar-nos a
esquecer que os primeiros a reconhecer a manifestação de Deus em Jesus Cristo
são os pastores e os pagãos, os pecadores e as prostitutas. Enquanto os magos
deixam a comodidade, buscam e perguntam, Herodes cede ao medo e os sacerdotes
permanecem inertes.
Em Jesus, Deus
vem ao encontro de quem está longe, de quem é tratado/a como último/a, que nada
merece e nada pode. E se revela aos utópicos e sonhadores, aos buscadores de
terras sem males, aos construtores da paz solidária, aos tecedores da
fraternidade sem fronteiras. Aprendamos com os magos a vencer todo resquício de
colaboração com a ideologia dos poderosos. Encontrando Jesus, trilhemos outros
e novos caminhos!
Meditação:
§ Releia o texto lentamente, detendo-se nos
personagens, naquilo que falam e fazem, nas atitudes que revelam
§ Mesmo que a tradição qualifique estes
personagens como magos ou reis, eles são pagãos sábios e desprezados que buscam
a Deus
§ O que leva Herodes e temer o nascimento do
Messias, e os sacerdotes a não fazer nada, mesmo conhecendo as escrituras?
§ O que significa hoje o testemunho dos magos, especialmente
o fato de, depois de encontrar e reconhecer Jesus, mudar de caminho?
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