216 | Ano B | Tempo de Natal | Antes da Epifania | João 1,19-28
02/01/2024
Estamos no ciclo
litúrgico do Natal, mas hoje somos convidados/as a meditar uma cena que envolve
Jesus já adulto (embora, logo mais, na festa da epifania, voltaremos a uma cena
de Jesus recém-nascido). A cena de hoje envolve a pessoa de João, precursor do
Reino de Deus, profeta e testemunha de Jesus.
João desenvolve
sua missão profética num tempo de múltiplas e duras opressões, mas também de
intensa expectativa em relação ao surgimento de uma novidade benéfica para os
oprimidos. Ele se afastou do templo, que era o centro religioso e político
daquilo que restava de Israel, e escolheu o deserto como lugar para viver, discernir
o querer de Deus e orientar o povo.
João batizava, e
o batismo era um rito suspeito. Batizar e perdoar os pecados significava
contestar a autoridade do templo e dos sacerdotes, roubar os “clientes” que os
sustentavam com suas ofertas. Ao mesmo tempo, sinalizava uma mudança de senhorio,
de lealdade ou de submissão. Algumas tradições ligavam essa mudança com o
aparecimento do Messias enviado de Deus, também chamado Profeta, às vezes
identificado com o retorno de Elias.
Inquietos com a
pregação e o batismo de João, os homens que controlavam e dirigem o templo
enviam um grupo de fariseus para se informar com detalhes sobre as ações de
João. Diante deles, João assume sua identidade de testemunha e precursor: ele
sabe que não é o esperado, que o Messias está vindo logo depois dele, já está
presente, e que sua missão é ser voz que grita pedindo que os líderes
religiosos não entortem os caminhos do povo.
João não se coloca
no centro, nem acima de ninguém. Ele prepara as pessoas não para serem seus
discípulos, mas para se tornarem discípulos de Jesus. Quando morria um membro
da família casado e sem filhos, um irmão deveria casar com a viúva e dar-lhe
descendência. Se não assumisse esse papel substitutivo, alguém desamarrava
publicamente suas sandálias. João diz que ninguém desamarra as sandálias de
Jesus: ele cumpre sua missão solidária.
Meditação:
§ Releia o texto lentamente, detendo-se em cada
palavra e em cada gesto, interagindo com os personagens
§ Note quem são os enviados, quem os envia, e
quais são as perguntas que eles fazem a João
§ Observe a resposta de João, assim como as
imagens que ele usa para falar de si mesmo e sua missão, e para falar de Jesus
§ Será que algumas lideranças cristãs não estão
caindo na tentação de querer aparecer mais do que Jesus, que eles dizem
anunciar?
§ Quais seriam hoje as palavras e gestos mais
eloquentes para falar de Jesus e da nossa condição de cristãos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário