245 | Ano B | Tempo Comum | 4ª Semana, Quarta-feira
| Marcos 6,1-6
31/01/2024
Apesar
dos títulos de poder que a história associou a ele, Jesus de Nazaré partilhou a
sorte das pessoas desprezadas e marginalizadas. Ele não fez coro com os
soberbos e satisfeitos, nem foi indiferente ao destino das pessoas humilhadas.
Nasceu numa estrebaria, habitou numa cidade insignificante, foi trabalhador
braçal, aproximou-se de grupos sociais considerados suspeitos, foi preso e
executado entre outros condenados, fora dos muros de Jerusalém. Em sua cidade,
Jesus era conhecido como um carpinteiro, e seus familiares eram pessoas muito
humildes.
O trecho
do evangelho de hoje mostra a admiração e a inquietação dos conterrâneos de
Jesus sobre a origem do seu carisma. Como o conheciam desde pequeno,
perguntavam-se: “Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Esse homem não é o
carpinteiro, o filho de Maria?” Do ponto de vista da origem, Jesus não poderia
ser o que dava a impressão de ser. Para seus conterrâneos, a sabedoria não
poderia vir de pessoas comuns e humildes como eles. Por mais seus ensinamento e
ações impressionassem, sua pertença a um povoado e uma família marginal era
como uma pedra de escândalo.
Jesus
fica impressionado com esta visão estreita, com a influência que a ideologia
das elites exerce sobre os humildes habitantes da sua aldeia. Por trás dela
está a ideia da inferioridade e impotência dos pobres, da sua radical e eterna
dependência de benfeitores poderosos. Como tantos outros, aquele povo simples
havia interiorizado e assimilado sua própria insignificância. E parece que esse
escândalo atinge os próprios familiares e parentes de Jesus.
Por
isso, Jesus repete um provérbio popular da sua região: “Um profeta só não é
estimado na sua pátria, entre seus
parentes e familiares...” Aqueles que conheciam sua origem humilde e
suas mãos calejadas na carpintaria não conseguiam reconhecer em Jesus os traços
do Profeta ou do Messias esperado. Mas, para Jesus, o escândalo dos habitantes
de Nazaré significa falta de fé, daquela abertura essencial que permite
reconhecer a presença de Deus nas pessoas simples, acolher as surpresas e a
ação de Deus que se manifesta onde menos se espera.
Meditação:
ü Releia o texto com atenção, imaginando-se
presente em Nazaré, interagindo com os familiares e conterrâneos de Jesus
ü Em que medida também nós resistimos em admitir
que pessoas simples, em lugares remotos podem fazer grandes coisas?
ü Como nós e nossas comunidades vivemos nossa
origem, frequentemente humilde e de pouca relevância social
ü Deixe-se seduzir por Jesus Cristo, o Deus na
carpintaria e na cruz, assumindo uma vida simples e priorizando os meios
frágeis
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