quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O Evangelho na vida de cada dia (233)

233 | Ano B | Tempo Comum | 2ª Semana | Sexta-feira | Marcos 3,13-19

20/01/2024

Chamando um grupo de doze entre os muitos/as discípulos/as, Jesus constitui uma comunidade para prosseguir sua missão, um núcleo visível do Reino de Deus, uma nova família convocada a viver de modo alternativo e contracorrente. Mas esta passagem da família de sangue à “família da Boa Nova” e do povo de Israel ao “novo povo de Deus” não é simples nem tranquila.

Nos episódios anteriores, diante da liberdade provocadora de Jesus frente à lei judaica, já se formara um complot que pedia sua expulsão do judaísmo e sua morte. Por isso, Jesus toma distância da sinagoga e passa a ensinar e curar em lugares remotos e abertos. E acaba transformando a própria casa, lugar de acolhida e segurança, em espaço de formação dos discípulos e de libertação das pessoas doentes, que tinham dificuldades de ir ao templo.

Entretanto, essa postura de Jesus acaba desagradando e preocupando seus próprios familiares, e sua casa, que deveria ser um espaço de aconchego e segurança, perde o sossego por causa das multidões de pessoas necessitadas que a ele acorrem, e está em vias de se tornar uma prisão. Seus parentes querem agarrá-lo e retê-lo em casa, porque lhes parecia que ele estava louco.

De fato, era tanta gente que buscava Jesus que ele e seus discípulos não tinham tempo nem para comer. Com a casa cheia de discípulos e o povo ao redor da casa, há tempo a família havia perdido o sossego e a privacidade. Mas o que faz os parentes de Jesus pensar que ele está doido é a coragem e a “imprudência” com que enfrenta e desmonta as instituições, leis e costumes de Israel. A família pensa que ele enlouqueceu, e os escribas dirão que ele está possuído por Belzebu.

Na verdade, os parentes acham que Jesus estava indo longe demais, e que devia desistir da sua missão de profeta do Reino de Deus. Noutro momento Jesus dirá que nossos inimigos (aqueles que colocam em risco nossa salvação) podem vir de dentro de casa, do interior da própria família. O dinamismo libertário do Reino de Deus enfrenta o sistema de dominação e repressão, e ele tem como uma das suas expressões a família patriarcal.

 

Meditação:

ü  Contemple a cena: os discípulos apertados em torno de Jesus na sua casa; o povo esperando atenção; os parentes preocupados

ü  Participe da cena, especialmente a dificuldade de encontrar tempo para comer e a saída dos parentes para agarrar Jesus

ü  Se puder, releia os episódios anteriores, nos quais é narrada a intensa atividade libertadora de Jesus e os riscos que ele corria

ü  Como proceder quando a oposição ao nosso engajamento humanitário e cristão vem de dentro da própria família?

Nenhum comentário: