233 | Ano B | Tempo Comum | 2ª Semana | Sexta-feira
| Marcos 3,13-19
20/01/2024
Chamando um grupo
de doze entre os muitos/as discípulos/as, Jesus constitui uma comunidade para
prosseguir sua missão, um núcleo visível do Reino de Deus, uma nova família convocada
a viver de modo alternativo e contracorrente. Mas esta passagem da família de
sangue à “família da Boa Nova” e do povo de Israel ao “novo povo de Deus” não é
simples nem tranquila.
Nos episódios
anteriores, diante da liberdade provocadora de Jesus frente à lei judaica, já
se formara um complot que pedia sua expulsão do judaísmo e sua morte. Por isso,
Jesus toma distância da sinagoga e passa a ensinar e curar em lugares remotos e
abertos. E acaba transformando a própria casa, lugar de acolhida e segurança,
em espaço de formação dos discípulos e de libertação das pessoas doentes, que
tinham dificuldades de ir ao templo.
Entretanto, essa
postura de Jesus acaba desagradando e preocupando seus próprios familiares, e
sua casa, que deveria ser um espaço de aconchego e segurança, perde o sossego
por causa das multidões de pessoas necessitadas que a ele acorrem, e está em
vias de se tornar uma prisão. Seus parentes querem agarrá-lo e retê-lo em casa,
porque lhes parecia que ele estava louco.
De fato, era tanta
gente que buscava Jesus que ele e seus discípulos não tinham tempo nem para
comer. Com a casa cheia de discípulos e o povo ao redor da casa, há tempo a
família havia perdido o sossego e a privacidade. Mas o que faz os parentes de
Jesus pensar que ele está doido é a coragem e a “imprudência” com que enfrenta
e desmonta as instituições, leis e costumes de Israel. A família pensa que ele
enlouqueceu, e os escribas dirão que ele está possuído por Belzebu.
Na verdade, os
parentes acham que Jesus estava indo longe demais, e que devia desistir da sua
missão de profeta do Reino de Deus. Noutro momento Jesus dirá que nossos
inimigos (aqueles que colocam em risco nossa salvação) podem vir de dentro de
casa, do interior da própria família. O dinamismo libertário do Reino de Deus
enfrenta o sistema de dominação e repressão, e ele tem como uma das suas
expressões a família patriarcal.
Meditação:
ü Contemple a cena: os discípulos apertados em
torno de Jesus na sua casa; o povo esperando atenção; os parentes preocupados
ü Participe da cena, especialmente a dificuldade
de encontrar tempo para comer e a saída dos parentes para agarrar Jesus
ü Se puder, releia os episódios anteriores, nos
quais é narrada a intensa atividade libertadora de Jesus e os riscos que ele
corria
ü Como proceder quando a oposição ao nosso
engajamento humanitário e cristão vem de dentro da própria família?
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