É a
compaixão que faz arder nosso coração e põe nossos pés a caminho | 405 | 09.07.24
| Mateus 9,32-38
Ontem contemplamos a bela cena da cura de uma
mulher que sofria de hemorragia, e de uma menina que foi “levantada” depois de
ser prostrada pela morte precoce. O evangelho de Mateus registra que a notícia
foi se espalhando, e assim chegou até nós. Na meditação, perguntávamos também
se cremos, como a mulher e o pai da menina, que o toque de Jesus pode nos curar
e levantar. No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo-mudo, e continua sua
peregrinação pelo santuário das dores humanas, anunciando o Reino de Deus,
ensinando como acolhê-lo e curando enfermos.
Jesus sempre é tocado pelo sofrimento humano, mas
não fica no simples sentimento. Diante de um povo abandonado à própria sorte
pelas autoridades religiosas e políticas, de um povo que é descrito como
cansado e abatido, espoliado e abandonado, uma profunda compaixão toma conta de
Jesus e o move a tomar iniciativas para mudar a situação e devolver a cidadania
e a vida plena às pessoas e grupos. A compaixão, essa capacidade de se importar
profundamente com a dor dos outros, é o segredo e o motor da sua missão.
O surdo-mudo da cena de hoje é mais um símbolo vivo
e eloquente desse povo marginalizado e dependente. Sob a pressão do exército
romano e das múltiplas carências que o encarceravam, o povo não consegue nem
levantar seu próprio lamento nem gritar seu protesto. A ação de Jesus livra as
pessoas desse tormento, a multidão se admira, mas os fariseus investem contra
Jesus, acusando-o de agir em nome do demônio. Nada, porém, impede que Jesus
continue sua missão de compaixão, anunciando a Boa Notícia de Deus, ensinando e
curando. A força da compaixão é mais potente que a ameaça dos “podres poderes”.
O que ocorre é que Jesus percebe
claramente que sua missão ultrapassa suas possibilidades. Ele sabe que não dará
conta de fazer tudo sozinho. Ele precisa contar com muito mais gente nesse
ministério da compaixão, que vence a indiferença e reconstrói a vida de um povo
dilacerado. Diante da exiguidade de recursos e da pequenez da comunidade frente
à extensão da missão, Jesus não desiste nem se desespera: chama-nos, envia-nos,
e pede que rezemos, e busquemos mais colaboradores/as. Trata-se de ter um
coração ardente e pôr os pés a caminho.
Meditação:
· Acompanhe cada palavra e cada gesto ou ação
desta cena, observando bem a atitude dos diversos personagens
· O segredo da vida e o motor da missão de Jesus é
a compaixão, seu envolvimento visceral com as pessoas que sofrem
· O que esta cena e estas palavras de Jesus nos
ensinam sobre a missão da Igreja e nossa nos dias de hoje?
· Como você, e as lideranças da sua comunidade,
reagem às críticas ou acusações frente às iniciativas de evangelização e
solidariedade?
2 comentários:
Amo suas reflexões, querido amigo!
Um amigo e agora bispo, anjo!
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