Dai-nos
Sabedoria para discernir e agir coerentemente | 513 | 25.10.2024 | Lucas 12,54-59
No episódio do evangelho de ontem,
Jesus nos dizia que veio atiçar o fogo do Espírito para que incendeie, revele e
purifique nossas intenções e projetos. Falando desse Dom Dinâmico, Jesus fala
do dom de si mesmo, feito de uma vez por todas no alto do Calvário, dom que
inunda o mundo qual enxurrada, que espalha o fogo que acende mil outros focos
de incêndio. Dizia também que é urgente que isso aconteça, e que nossa lealdade
com a justiça do Reino de Deus está acima dos laços familiares.
No trecho que lemos e meditamos hoje, Jesus
continua enfatizando a transcendência de cada momento que vivemos e a urgência
de entendê-lo bem e não adiar nem fazer de menos da nossa missão de
reconciliar, de recriar a fraternidade dentre pessoas e povos, como nos ensina
o Papa Francisco. Para ilustrar a importância do tempo que se chama hoje, Jesus
lança mão de duas pequenas parábolas e de uma experiência acessível às pessoas
do seu tempo. Precisamos adquirir um faro afinado para discernir o que é justo
e bom, o que é urgente, o que é necessário; e para discernir entre aquilo que,
à luz do Evangelho, é essencial e aquilo que é secundário.
Jesus está dirigindo-se à multidão, em meio à qual
estão seus discípulos. As parábolas se referem às nuvens e ao vento, que, para
as pessoas experientes, prenunciam chuva ou calor. A sabedoria dos bons
observadores do tempo interpela e estimula os discípulos de Jesus na capacidade
e na urgência de compreender os pequenos sinais do Reino presentes na história,
e de acolhê-los como oportunidade e chamado à responsabilidade. Não é sábio e
suficiente apenas recordar e repetir o passado, pois, com frequência, “é uma
roupa que não nos serve mais”! Não é bom sinal repetir velhos princípios que,
de tão universais, servem para tudo.
Quem segue Jesus e o assume como
Mestre de sua vida precisa aprender a identificar o querer de Deus inscrito nos
acontecimentos, e colocá-lo em prática. Se a repetição de costumes do passado
não é suficiente, é irresponsabilidade deixar tudo para amanhã, ou terceirizar
tudo, imaginando que Deus fará aquilo que compete a nós. O tempo urge, e o aqui
e agora representa a última possibilidade para refazer as relações de
fraternidade. A experiência da reconciliação dos adversários ainda a caminho do
tribunal não é sintoma de medo ou de fraqueza, mas sinal de sabedoria e
esperteza aprendidas no caminho com Jesus.
Meditação:
§ Retome
e reconstrua o fato, a parábola e a conclusão de Jesus, prestando atenção à
força das palavras e comparações
§ Acolha
este ensino que Jesus dirige ao povo em geral, e deixe-se iluminar pelas
metáforas da nuvem e do vento
§ O
que você, sua família e sua comunidade podem fazer para não perder “o trem da
história” a viver já aqui, e em todas as relações, a novidade do Reino de Deus.
Um comentário:
Dom Itacir, que profunda reflexão. Eu já fiz essa experiência do perdão. É muito profunda e inexplicável as mudanças que ele provoca.
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