segunda-feira, 5 de agosto de 2024

A transfiguração de Jesus

O brilho verdadeiro e duradouro vem da compaixão solidária| 433 | 06.08.24 | Marcos 9,2-10

Jesus está no alto da montanha, acompanhado de Pedro, Tiago e João. Para estes discípulos, aquilo que ali acontece é uma experiência inicialmente positiva. Envolvido pelo brilho de Jesus, Pedro parece vencer o medo que atormenta a todos. Moisés e Elias confirmam e dão credibilidade ao caminho e ao ensino que Jesus percorre e propõe àqueles que o seguem. O evangelho da cruz, novo êxodo e proposta do amor que se faz humano dom de si mesmo, continua valendo, mais do que nunca. Mas é exatamente isso que mete medo nos três!

Nessa experiência densa e profunda, os discípulos são envolvidos primeiramente pela luz, e, posteriormente, pela escuridão. E é de dentro da nuvem – símbolo da presença de Deus na travessia da escravidão para a liberdade – que eles ouvem a voz de Deus: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” Isso significa que Pedro, Tiago e João devem levar a sério o que Jesus Cristo diz e faz, não devem dar por tranquila a proposta evangélica de servir solidariamente, de desaparecer como o fermento na massa, de estar pronto a dar a vida.

A declaração e o desejo expresso por Pedro são ambíguos e intrigantes: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro fala sem saber o que diz, para ‘quebrar o gelo’ e espantar o medo, e compartilha do pensamento de Judas sobre Jesus (cf. Mc 14,45)! As roupas brancas de Jesus falam muito claramente de martírio, e Pedro quer evitar a todo custo esse caminho. Ele prefere o caminho do culto e da adoração, simbolizado na tenda, e descarta a proposta do amor que se faz dom e enfrenta o próprio martírio.

Não podemos usar esta cena para amenizar as exigências do discipulado, substituindo a dureza da cruz pelas flores e a coroa de espinhos pela coroa do sucesso. Sabendo que os discípulos entendem mal ou pouco aquilo que veem e ouvem, Jesus os proíbe severamente de falar da transfiguração. Esta mesma proibição aparece depois da reabilitação da filha de Jairo (cf. Mc 5,43) e da libertação do surdo-mudo (cf. Mc 7,36). Para Jesus, cultos espetaculares e publicidade escancarada não são caminhos adequados para resgatar a humanidade negada e para viver o belo e exigente mandato de servir.

 

Meditação:

·        Releia atentamente o texto, começando pelo capítulo 8,27, visualize o desconcerto dos discípulos e acompanhe Jesus à montanha

·        Deixe-se envolver pela cena, compartilhe os sentimentos de Pedro e dos outros dois, não se distraia brilho do rosto e das vestes de Jesus

·        Escute a voz que ressoa do céu, e deixe que ressoe profundamente em você as palavras mais fortes e desconcertantes de Jesus

·        Quais são as palavras e imperativos de Jesus que lhe causam maior desconforto e ameaçam colocar você em crise?

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