O brilho verdadeiro e duradouro vem da
compaixão solidária| 433 | 06.08.24 | Marcos 9,2-10
Jesus está no
alto da montanha, acompanhado de Pedro, Tiago e João. Para estes discípulos, aquilo
que ali acontece é uma experiência inicialmente positiva. Envolvido pelo brilho
de Jesus, Pedro parece vencer o medo que atormenta a todos. Moisés e Elias
confirmam e dão credibilidade ao caminho e ao ensino que Jesus percorre e
propõe àqueles que o seguem. O evangelho da cruz, novo êxodo e proposta do amor
que se faz humano dom de si mesmo, continua valendo, mais do que nunca. Mas é
exatamente isso que mete medo nos três!
Nessa experiência
densa e profunda, os discípulos são envolvidos primeiramente pela luz, e,
posteriormente, pela escuridão. E é de dentro da nuvem – símbolo da presença de
Deus na travessia da escravidão para a liberdade – que eles ouvem a voz de
Deus: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” Isso significa que Pedro,
Tiago e João devem levar a sério o que Jesus Cristo diz e faz, não devem dar
por tranquila a proposta evangélica de servir solidariamente, de desaparecer
como o fermento na massa, de estar pronto a dar a vida.
A declaração e o desejo expresso por
Pedro são ambíguos e intrigantes: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer
três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro fala sem
saber o que diz, para ‘quebrar o gelo’ e espantar o medo, e compartilha do
pensamento de Judas sobre Jesus (cf. Mc 14,45)! As roupas brancas de Jesus
falam muito claramente de martírio, e Pedro quer evitar a todo custo esse
caminho. Ele prefere o caminho do culto e da adoração, simbolizado na tenda, e
descarta a proposta do amor que se faz dom e enfrenta o próprio martírio.
Não podemos usar esta cena para
amenizar as exigências do discipulado, substituindo a dureza da cruz pelas
flores e a coroa de espinhos pela coroa do sucesso. Sabendo que os discípulos
entendem mal ou pouco aquilo que veem e ouvem, Jesus os proíbe severamente de
falar da transfiguração. Esta mesma proibição aparece depois da reabilitação da
filha de Jairo (cf. Mc 5,43) e da libertação do surdo-mudo (cf. Mc 7,36). Para
Jesus, cultos espetaculares e publicidade escancarada não são caminhos
adequados para resgatar a humanidade negada e para viver o belo e exigente
mandato de servir.
Meditação:
·
Releia
atentamente o texto, começando pelo capítulo 8,27, visualize o desconcerto dos
discípulos e acompanhe Jesus à montanha
·
Deixe-se
envolver pela cena, compartilhe os sentimentos de Pedro e dos outros dois, não
se distraia brilho do rosto e das vestes de Jesus
·
Escute
a voz que ressoa do céu, e deixe que ressoe profundamente em você as palavras
mais fortes e desconcertantes de Jesus
·
Quais
são as palavras e imperativos de Jesus que lhe causam maior desconforto e
ameaçam colocar você em crise?
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