Jesus ensina que cada pessoa tem
direito a receber o que necessita para viver | 448 | 21.08.24
| Mateus 20,1-16
Quem quiser ser discípulo de Jesus
precisa ter sabedoria e decisão para encarnar o reino de Deus em todas as suas
relações. No horizonte da utopia de Jesus, justiça e a bondade não estão no
mérito e na aplicação da lei do “cada um recebe o que merece”. A lógica do
Reino de Deus inverte os valores, e estabelece a prioridade dos últimos e
desprezados sobre os ricos e privilegiados
Na parábola de hoje, o personagem central é um
chefe de família patriarcal (não exatamente um rei ou um patrão, como aparece
em algumas traduções). A primeira cena trata da contratação de diaristas para
trabalhar no seu campo. Mas tudo está focado na segunda cena, ou seja, no
acerto de contas pelo trabalho realizado pelos trabalhadores contratados em
diferentes horas do dia. A todos o chefe da família prometera pagar o que seria
justo, e não um valor estabelecido.
As pessoas contratadas na primeira hora assistiram
ao pagamento das que foram contratadas no fim do dia, que receberam, por poucas
horas de trabalho, um valor que permitia a subsistência diária, e isso
alimentou a expectativa de que receberiam bem mais, pois haviam feito por
merecer. Mas o contratante não se orienta pela meritocracia, e sim pela justiça
e pela bondade, e retribui a todas igualmente.
O grupo que se julga merecedor de uma retribuição
maior se irrita por ter sido igualado aos demais. De fato, o pai de família não
age conforme o costume, não reforça a supremacia, a competição e a distinção de
classes. A irritação deles brota da inconformidade por terem sido igualados aos
mais necessitados. Eles protestam contra a afirmação da igualdade fundamental
de todos os trabalhadores! A atitude do pai de família corrói o sistema de
competição, que consagra a desigualdade.
Com esta parábola, Jesus nos convoca a tomar uma
posição radical, como ele mesmo o fez: assumir um estilo de vida alternativo
também na economia, agindo na perspectiva do Reino de Deus, guiando-nos pela
necessidade das pessoas e pela gratuidade, ou pela economia do dom, como a
chama o Papa Francisco.
Será que também nós, depois de dois mil
anos de cristianismo, caímos na armadilha de nos sentir melhores que os outros?
Em que medida ainda tratamos as pessoas, grupos, religiões e classes sociais a
partir daquilo que achamos que ‘merecem”? Será que ainda defendemos a velha
moral econômica que recomenda dar a cada um o que merece? Chegamos a perceber
que a lógica de Deus é outra, é diferente?
Meditação:
§ Com esta parábola, Jesus provoca fortemente as pessoas, tanto os
judeus como seus discípulos, a superar a lógica do mérito
§ Deixe ressoar em você a afirmação clara e provocativa de Jesus
mediante a parábola do patriarca generoso e solidário
§ Peça a Jesus a graça de se comprometer e se alegrar com os
pequenos e grandes sinais de emancipação dos pobres
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