Para seguir Jesus é preciso amar o
Reino de Deus mais que a si mesmo | 436 | 09.08.24
| Mateus 16,24-28
O texto do evangelho de hoje está literariamente
situado depois da profissão de fé e dos discípulos em Jesus como “o Messias, o
Filho do Deus Vivo”. Vem também depois da cena em que os discípulos revelam
dificuldade de aceitar o caminho da cruz (cf. Mt 16,21-28), e imediatamente
antes da cena da transfiguração (Mt 17,1-13). É essa dificuldade dos discípulos
com a imagem de messias que justifica essa catequese incisiva e delimitadora de
Jesus, e a própria transfiguração que a segue.
Jesus estabelece dois pré-requisitos para quem
quiser ser discípulo dele: negar a si mesmo, que significa desistir de práticas
que impedem o advento do Reino de Deus (abrir mão de projetos pessoais e
egoístas, entregar-se inteiramente à vontade do Pai); tomar a própria cruz e
seguir Jesus, ou seja: assumir um estilo de vida que pode provocar humilhação,
que comporta marginalização, dor e morte. Em outras palavras: o discípulo deve
estar pronto para seguir o caminho de vida percorrido por Jesus, sem buscar
atalhos aparentemente facilitadores.
Esta disposição de “perder a vida” por Jesus e pelo
Reino de Deus a fim de entrar na vida verdadeira é uma convocação à
identificação com o destino dos insignificantes e à aceitação do risco de ser
tratado como criminoso pelas elites, aceitando até o martírio por resistir ao
status quo. E isso significa, por outro lado, não dar a vida pelo império
romano (ou qualquer outro sistema de poder), ou “morrer pela pátria e viver sem
razões”. Só Deus é grande e pode pedir o dom da nossa vida.
Jesus assegura que a vinda e a consolidação do
Reino de Deus é coisa certa como o sol que nasce todo dia. Mas “ganhar o mundo
inteiro” será, para os discípulo, sempre uma tentação (cf. Mt 4,8), e, para
salvar a própria vida, a maioria é induzida a escolher o caminho mais seguro, o
interesse próprio, o silêncio e a submissão por medo da perseguição. Entretanto,
perder a vida para ganhá-la, como Jesus, equivale a não se submeter nem ceder
ao medo.
A glória que envolverá Jesus na sua volta é a glória da cruz, do amor
vivido de forma incondicional e em medida extrema. E é isso que continuamos
vendo, também nós, ao nosso lado: homens e mulheres “que se amam mais que a si,
e dizem com firmeza: vê, Senhor, estou aqui!” E nós também confirmamos: Conta
comigo, Senhor!
Meditação:
§ Retome e repita pausadamente cada expressão e
cada afirmação de Jesus aos seus seguidores
§ Compare cada uma dessas afirmações com o seu
evangelho e a sua vida como um todo e entenda o sentido
§ O que significa hoje, na situação sanitária e
social do Brasil e do mundo, perder ou ganhar a vida no sentido evangélico?
· Você conhece pessoas que ganharam “um mundo de
vantagens” mas perderam o sentido e o gosto da vida?
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