Quem ama não teme a morte, e sente-se livre para dar sua vida
pelas vidas | 437 | 10.08.24 | João 12,24-26
Os breves versículos do evangelho de João propostos
para iluminar a festa de São Lourenço (diácono e mártir) e de todos os
mártires, nos traz uma afirmação solene de Jesus. O texto está situado
literariamente após a ressurreição de Lázaro e a entrada de Jesus no Templo, e
depois que alguns judeus de origem grega pedem que Filipe os leve ao encontro
de Jesus. “Queremos conhecer Jesus”, dizem eles, expressando também o desejo
dos “buscadores de Deus” de todos os tempos.
Jesus vê nessa busca de judeus estrangeiros o
momento propício para manifestar a “glória” do Filho do Homem, glória à qual
são chamados todos seres humanos, particularmente seus discípulos missionários.
Ele diz que, para conhecê-lo e descobrir a nossa vocação, devemos olhar para a
cruz. Nela se mostra “como” sua vida
e sua missão, assim como a vida e a missão de quem o segue, produzirá frutos:
“dando vida, da própria vida, a própria vida” (São Oscar Romero); dando a vida
de forma gratuita, corajosa, generosa, permanente.
Por mais que se apresente com aparência formosa e
desejável, o egoísmo e a indiferença são sempre mortais e estéreis, e semeiam
esterilidade e morte. Ao contrário, quem ama e não teme a própria morte é livre
para arriscar e gastar a “vida pelas vidas”, comprometer a vida pelo Reino de
Deus, como o mártir Jesus, como todos os mártires e todas as testemunhas.
Livremente colocamo-nos a serviço do Reino, livremente semeiam liberdade!
Amar é doar-se sem poupar-se. O amor leal nos leva
ao esquecimento dos problemas e interesses individuais e a prosseguir no
caminho de Jesus, apesar da pressão e da intimidação dos sistemas de poder e
coerção. Como a semente, o dom de si é fecundo, vivificador, e a entrega
solidária da vida é o ápice do dom de si. Caindo no chão e morrendo, a semente
libera sua força, realiza seu destino, não fica só, multiplica-se, produz
frutos. Eis o mistério da vida e da missão de Jesus e de quem o segue.
Fazer-se discípulo missionário é estar com Jesus onde ele está, no
dinamismo do amor do Pai, que ama sem medida, sem “se” e sem “mas”. A honra e a
glória dos cristãos não é outra senão a honra e a glória de Jesus: renunciar às
honras e vaidades desse mundo, ser filho, irmão ou irmã, amar sem reservas, ser
semente! A autoridade das lideranças cristãs se inspiram em Jesus crucificado,
e não nos “podres poderes”, e se baseiam no serviço aos pobres e não na
bajulação dos ricos.
Meditação:
§ Acompanhe com a imaginação a aproximação dos
judeus de origem grega, a intermediação de Filipe, as palavras de Jesus
§ Olhe para a cruz, na qual se mostra a proximidade
insuperável de Deus e a doação mais generosa e radical do ser humano
§ Medite o mistério de força, de multiplicação e de
vida que se esconde na morte da semente; é essa a glória que você busca?
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