O verdadeiro discípulo de Jesus faz-se
dom e não cobra créditos | 447 | 20.08.24 | Mateus 19,23-30
Ontem meditamos o instigante episódio do jovem
religioso e rico que se candidatou a discípulo de Jesus. Diante da exigência de
distribuir os bens aos pobres e se colocar a caminho com os demais discípulos,
ele voltou atrás, e preferiu ficar com os bens a seguir Jesus. Na verdade, os
bens o possuíam e impediam de ser livre para.
A atitude desse jovem leva Jesus a sublinhar que o
apego aos bens e a alguns vínculos que aparentemente dão segurança são entraves
à adesão ao Reino de Deus. A metáfora da agulha e do camelo não deixa dúvidas:
que uma pessoa rica aceite o desafio do Reino de Deus não é apenas difícil, mas
impossível, a menos que se desapegue e corrija suas práticas injustas para
acumular bens e os partilhe com os pobres, os verdadeiros “proprietários”
daquilo que nos sobra.
Os discípulos ficam assustados com esta afirmação
de Jesus. Eles bebem da ideologia religiosa que considera a riqueza um sinal da
benção divina, e os ricos, já socialmente privilegiados, como muito amados e
favorecidos por Deus. Por isso, pensam que se os ricos não se salvam (não
entram no Reino, não são perfeitos) ninguém poderá se salvar. Mas Jesus crê que
a fé sincera pode produzir mudanças: quem descobre o valor do Reino, arrisca
tudo, como aquele trabalhador que vendeu tudo para comprar o campo, ou aquele negociante,
que faz o mesmo pela pérola preciosa.
Então Pedro, em nome dos demais discípulos, observa
que eles, diferentemente daquele jovem, deixaram tudo e estão seguindo Jesus.
De fato, deixaram a família e os contratos de trabalho de pesca, e entraram no
caminho da busca do Reino, embora não tenham distribuído os bens aos pobres.
Eles perguntam que benefício terão, pois acham que merecem. Por isso, podemos
dizer que Pedro se mune de coragem e, em nome dos colegas, cobra a conta de
Jesus.
Jesus responde acenando para o futuro, quando o
Reino de Deus será plenamente realizado. Então aqueles que hoje são colocados
em último lugar serão reconhecidos em sua dignidade e grandeza, terão
influência e atrairão outros por seu testemunho de vida. Mas sem seguimento
radical de Jesus, os que hoje são badalados podem se ver no último lugar, como
uma simples nota de rodapé no livro da história.
Meditação:
· Há algo que ainda amarra você e o impede de entregar-se à aventura
de criar novos céus e nova terra, sem regatear nada?
· Em que medida você também participa da ideologia que considera os
estudados, ricos e poderosos como abençoados por Deus e os pobres e frágeis
como culpados ou punidos por Deus?
· Qual é o obstáculo faz com que a vida dos cristãos não tenha hoje
grande poder de influência e exerça pouca atração?
· Você já ouviu sermões que tentam amenizar a metáfora do camelo e
da agulha, fazendo possível conjugar o apego aos bens com a fé em Jesus?
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