As relações e vínculos comunitários
precisam ser cultivados com paciência | 441 | 14.08.24
| Mateus 18,15-20
Mateus dedica os capítulos 16 a 18 do seu evangelho
para nos apresentar o empenho de Jesus na formação dos seus discípulos no modo
de vida inspirado no Reino de Deus. Temos aqui as orientações fundamentais para
que a comunidade cristã viva um estilo de vida liminar: alternativo, inovador,
profético e crítico aos estilos de vida então habituais e predominantes.
Embora seja chamada a ser alternativa, a comunidade
dos discípulos não é perfeita. Enquanto caminha no mundo, as tensões e
conflitos são inevitáveis no interior das nossas comunidades. Às vezes, as
lideranças são intolerantes em relação aos erros dos seus irmãos e irmãs. Para
evitar que os errantes fiquem à mercê do humor das autoridades, Jesus traça um
caminho pedagógico, em três passos. O objetivo é ajudá-los a tomar consciência
dos erros e mudar de atitude.
O ponto de partia é a convicção de que a ofensa
recíproca é algo sério, que precisa ser resolvido, e não ser “jogado embaixo do
tapete”. O primeiro passo é um diálogo pessoal e fraterno, para que o ofensor
reconheça seu deslize. Se isso não resolve, volta-se a conversar com ele na
presença de testemunhas. Se também isso resultar em fracasso, a questão é levada
à comunidade dos discípulos. Mas nem assim o êxito está garantido! As relações
humanas não se resolvem com soluções técnicas!
Se as três tentativas fracassarem, a ruptura então
pode ser declarada publicamente. Mas a missão reconciliadora dos cristãos fiéis
não termina com esta declaração. Colocando os ofensores resistentes no grupo
dos publicanos e pecadores, Jesus está dizendo que eles são campo permanente de
missão, como ele mesmo o demonstrou sobejamente, tanto por seu ensino como
mediante suas ações. Longe de Jesus tolerar ou ratificar práticas de exclusão
definitiva! Jesus mesmo vai ao encontro dos publicanos e pecadores e os resgata
para uma vida fraterna.
Jesus pede paciência e lucidez na relação com as pessoas que erram, ou
seja, com todos os membros da comunidade. A comunidade cristã (e não apenas
Pedro!) tem a faculdade de atar e desatar, ou seja: de discernir quem está
dentro e quem se coloca fora dela. Mas é sempre o próprio Jesus que manifesta
sua inesgotável misericórdia por sua presença e ação na comunidade dos
discípulos e discípulas.
Meditação:
§ Retome esta lição de
Jesus, passo a passo, frase por frase e, se possível, leia também os versículos
anteriores (v. 1-14)
§ Como você, sua família e
sua comunidade enfrentam os conflitos e tensões de relacionamento e
convivência?
§ Por que é sempre mais
fácil queixar-se das pessoas que nos ofendem ou prejudicam a terceiros,
evitando falar com elas?
§ Reflita sobre o que
significa, na perspectiva de Jesus, tratar os ofensores como gentios ou
cobradores de impostos?
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