O perdão deve ser sempre incondicionado
e ilimitado | 442 | 15.08.24 | Mateus 18,21-19,1
Nos capítulos 16 a 18 do seu evangelho, Mateus nos
apresenta as orientações fundamentais de Jesus para que a comunidade de
discípulos e discípulas assuma um estilo de vida alternativo, inovador,
profético e crítico em relação aos estilos então predominantes. Nos textos de
ontem e de hoje Jesus aborda a questão do enfrentamento das tensões e ofensas
nas relações comunitárias.
Para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve praticar
o perdão como uma ação contínua e reiterada. O pedido de desculpas e o perdão
não têm limites de tempo nem restrições de pessoas ou de grupos. Sem isso, a
vida em comunidade é inviável, e a liderança e a autoridade podem decair em
opressão. O perdão concedido aos irmãos e irmãs é expressão viva do perdão
recebido do Pai e decorrente dele. Negar o perdão aos semelhantes significa
esvaziar o perdão concedido pelo Pai,
Jesus ilustra isso com uma parábola, focalizada em
quem deve perdoar, e não no pecador ou ofensor. Jesus não costuma apresentar os
reis como imagem de Deus, e sim os pais de família. Mas a parábola de hoje
sublinha que, como o rei dessa história, Deus exige que seus filhos e filhas
perdoem, porque foram antes perdoados. O perdão do rei da parábola tem pouco a ver
com o perdão recebido e praticado pelos cristãos. Diferentemente do perdão do
rei, o perdão de Deus não é condicionado e revogável, mas definitivo e
incondicional.
Os 10 mil talentos devidos ao rei por um dos seus
servos correspondem a um ano dos tributos cobrados de Israel pelo imperador
romano (uma fortuna que mal podemos imaginar!), enquanto que a dívida do
empregado inferior corresponde a apenas 100 dias de trabalho. A diferença e
descomunal. Isso ressalta a imensa diferença entre as dívidas, entre o perdão
que recebemos de Deus por Jesus e o perdão que devemos dar aos irmãos e irmãs
que incorreram em débitos conosco.
Note-se que o rei não aceita dar mais prazo ao devedor, como ele mesmo
pedira, mas perdoa a dívida. Nisso, ele simboliza a compaixão ilimitada de
Deus. Mas o outro empregado não dá um prazo maior nem perdoa, e se mostra mais
cruel que o próprio rei. Para Jesus, gentileza gera gentileza, perdão gera
capacidade de perdoar. Para o cristão, o perdão é norma e obrigação, não uma
opção!
Meditação:
· Todos já vivemos a experiência de ofender uma pessoa
próxima e querida, ou de ser ofendido por outros
· Mesmo que o perdão que recebemos dessas pessoas
possa não ter sido pleno e total, Deus não nos tratou assim
· Recorde suas experiências de ser perdoado/a
pelas pessoas, e, principalmente, por Deus
§ Você já se percebeu tentado a colocar condições
e limites ao perdão que os outros lhe pedem?
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