quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O perdão deve ser sempre incondicionado e ilimitado

O perdão deve ser sempre incondicionado e ilimitado | 442 | 15.08.24 | Mateus 18,21-19,1

Nos capítulos 16 a 18 do seu evangelho, Mateus nos apresenta as orientações fundamentais de Jesus para que a comunidade de discípulos e discípulas assuma um estilo de vida alternativo, inovador, profético e crítico em relação aos estilos então predominantes. Nos textos de ontem e de hoje Jesus aborda a questão do enfrentamento das tensões e ofensas nas relações comunitárias.

Para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve praticar o perdão como uma ação contínua e reiterada. O pedido de desculpas e o perdão não têm limites de tempo nem restrições de pessoas ou de grupos. Sem isso, a vida em comunidade é inviável, e a liderança e a autoridade podem decair em opressão. O perdão concedido aos irmãos e irmãs é expressão viva do perdão recebido do Pai e decorrente dele. Negar o perdão aos semelhantes significa esvaziar o perdão concedido pelo Pai,

Jesus ilustra isso com uma parábola, focalizada em quem deve perdoar, e não no pecador ou ofensor. Jesus não costuma apresentar os reis como imagem de Deus, e sim os pais de família. Mas a parábola de hoje sublinha que, como o rei dessa história, Deus exige que seus filhos e filhas perdoem, porque foram antes perdoados. O perdão do rei da parábola tem pouco a ver com o perdão recebido e praticado pelos cristãos. Diferentemente do perdão do rei, o perdão de Deus não é condicionado e revogável, mas definitivo e incondicional.

Os 10 mil talentos devidos ao rei por um dos seus servos correspondem a um ano dos tributos cobrados de Israel pelo imperador romano (uma fortuna que mal podemos imaginar!), enquanto que a dívida do empregado inferior corresponde a apenas 100 dias de trabalho. A diferença e descomunal. Isso ressalta a imensa diferença entre as dívidas, entre o perdão que recebemos de Deus por Jesus e o perdão que devemos dar aos irmãos e irmãs que incorreram em débitos conosco.

Note-se que o rei não aceita dar mais prazo ao devedor, como ele mesmo pedira, mas perdoa a dívida. Nisso, ele simboliza a compaixão ilimitada de Deus. Mas o outro empregado não dá um prazo maior nem perdoa, e se mostra mais cruel que o próprio rei. Para Jesus, gentileza gera gentileza, perdão gera capacidade de perdoar. Para o cristão, o perdão é norma e obrigação, não uma opção!

 

Meditação:

·    Todos já vivemos a experiência de ofender uma pessoa próxima e querida, ou de ser ofendido por outros

·    Mesmo que o perdão que recebemos dessas pessoas possa não ter sido pleno e total, Deus não nos tratou assim

·    Recorde suas experiências de ser perdoado/a pelas pessoas, e, principalmente, por Deus

§  Você já se percebeu tentado a colocar condições e limites ao perdão que os outros lhe pedem?

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